Guiné-Conacri paralisada no dia dos três anos da tomada do poder da junta

A capital da Guiné-Conacri está paralisada, onde prossegue hoje um movimento de protesto que causou um morto na quarta-feira, em Conacri, três anos após a tomada do poder pelos militares no país.

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Lusa
05/09/2024 15:01 ‧ 05/09/2024 por Lusa

Mundo

Guiné-Conacri

A oposição apelou a manifestações pacíficas para denunciar a repressão da junta militar da Guiné-Conacri contra os dissidentes e exigir a restauração das liberdades e o regresso ao poder civil antes do final do ano, uma perspetiva altamente improvável.

 

Hoje quase não se via ninguém nas ruas de Conacri, enquanto uma chuva torrencial se abatia sobre a capital deste país da África Ocidental, conhecido pela sua repressão brutal das manifestações.

De acordo com a Amnistia Internacional, 47 pessoas morreram entre setembro de 2021 e abril de 2024, apesar da proibição de manifestações.

Na quarta-feira, uma mulher foi morta a tiro durante os confrontos entre a polícia e os manifestantes, atingida mortalmente quando seguia num táxi durante os confrontos no bairro de Sonfonia, no norte da capital Conacri.

Malick Sidibé, um funcionário público reformado, não esconde a sua "desilusão e raiva" em relação ao general Mamadi Doumbouya, o chefe da junta. Diz que não suporta "o seu discurso duplo" e o recuo em relação à promessa de passar o poder a um regime civil até ao final de 2024. A junta renegou este compromisso, assumido sob pressão internacional.

O general Doumbouya está atualmente na China para a cimeira do Fórum de Cooperação China-África, que reúne várias dezenas de líderes africanos.

Não estão previstas quaisquer atividades oficiais para o aniversário de três anos do advento desta junta, que sucedeu ao Presidente Alpha Condé, um presidente civil que estava no poder há mais de dez anos e que tinha provocado meses de protestos que cusaram dezenas de mortos quando se candidatou a um terceiro mandato.

Sob o regime de Doumbouya, muitos líderes da oposição foram detidos, levados a tribunal ou forçados ao exílio. Em 09 de julho, foram detidos dois dirigentes da Frente Nacional de Defesa da Constituição (FNDC), um movimento de cidadãos que apela ao regresso do regime civil à Guiné-Conacri.

O Ministério Público da Guiné-Conacri negou quaisquer detenções e ordenou investigações sobre o desaparecimento dos dois ativistas.

A 30 de agosto, a embaixada dos EUA na Guiné-Conacri declarou estar "profundamente preocupada com o desaparecimento e o bem-estar" dos dois homens, uma reação rara da comunidade internacional.

"Na frente diplomática, a junta herdou uma carteira diversificada, com vários parceiros importantes: França, Estados Unidos, China, Rússia e Turquia, bem como os Emirados Árabes Unidos e o Ruanda", explicou, hoje, Vincent Foucher, investigador do Centre National de Recherche Scientifique, na sua conta na rede social X.

"Esta diversidade dá margem de manobra à junta. A França [antiga potência colonial] tem o cuidado de não criticar os excessos da junta para não ser posta de lado, como aconteceu no Sahel. Daí o seu silêncio", comenta.

A 22 de maio, as autoridades retiraram as licenças a quatro das principais estações de rádio privadas da Guiné-Conacri e a dois canais de televisão.

Na segunda-feira, suspenderam a emissão de licenças a associações e Organizações Não-Governamentais (ONG) devido a "ações de perturbação da ordem pública levadas a cabo no terreno por várias ONG e movimentos associativos", segundo as autoridades.

Leia Também: Primeiro caso de Mpox registado hoje na Guiné-Conacri

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