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Regresso de Trump seria "estorvo para o mundo democrático"

A historiadora e jornalista norte-americana Anne Applebaum acredita que Donald Trump será um "estorvo para o mundo democrático" se for reeleito Presidente dos Estados Unidos, devido à afinidade com o funcionamento das atuais autocracias.

Regresso de Trump seria "estorvo para o mundo democrático"
Notícias ao Minuto

19:29 - 05/09/24 por Lusa

Mundo EUA/Eleições

"Penso que ele é alguém que simpatiza instintivamente com o mundo autocrático, que não gosta de controlos e equilíbrios, de tribunais e de meios de comunicação independentes. Seria um estorvo para o mundo democrático", afirmou Applebaum hoje em Londres, durante a apresentação do livro mais recente, "Autocracia, Inc. - Os ditadores que querem governar o mundo".

 

O ex-Presidente Donald Trump (2017-2021) é o candidato do Partido Republicano às eleições presidenciais de 05 de novembro, nas quais vai concorrer com a atual vice-presidente norte-americana, Kamala Harris, do Partido Democrata.

Segundo a ensaísta vencedora do Prémio Pulitzer em 2004, "Donald Trump é alguém que não tem uma ideologia e que age de acordo com os seus próprios interesses, sejam eles pessoais, financeiros ou políticos, o que torna o seu comportamento difícil de prever". 

Por exemplo, em relação à guerra na Ucrânia, avisa que a sua posição "vai depender das circunstâncias". 

"É verdade que ele não se vê como líder do mundo democrático ou de uma aliança democrática. Não é alguém que lideraria um movimento no sentido de erradicar a plutocracia ou de eliminar o sigilo do sistema financeiro - como empresário, foi um grande beneficiário", acrescentou. 

Nesta obra, publicada este ano, Applebaum descreve a existência de uma rede de Estados autocráticos com ideologias muito diferentes, como a China (comunista), Rússia (nacionalista), Irão (teocrático), Venezuela (socialista bolivariana), a Coreia do Norte e outros países. 

A historiadora explicou que os líderes destas autocracias se caracterizam por governar sem Estado de direito, sem tribunais independentes, sem meios de comunicação social livres e porque "colaboram oportunisticamente" entre eles em questões financeiras e comerciais, partilha de tecnologia e por vezes em questões geopolíticas. 

O que os une, vincou Applebaum, é a determinação em "repelir a linguagem da democracia liberal, dos direitos humanos e do Estado de direito, porque são essas as ideias que ameaçam a sua versão de poder absoluto". 

"Não se trata de uma conspiração. É antes uma aliança de interesses. São todos Estados que por vezes entram em conflito uns com os outros, mas que partilham estes objetivos", resumiu.

Applebaum afirma que os países membros da chamada "Autocracia, Inc" são diferentes de outras ditaduras do século XX porque os líderes chegaram ao poder graças à acumulação de riqueza. 

"Um dos argumentos do livro é que o fizeram com a conivência do sistema financeiro ocidental ou internacional, que depois utilizaram para esconder o seu dinheiro" sob anonimato, sustentou. 

Applebaum admite que o livro, que foi publicado em Portugal este mês, pretende ser provocador para levar as pessoas a "lutar contra os comportamentos autocráticos dentro das nossas próprias sociedades e depois a contrariá-los quando os encontrarmos no estrangeiro".

"Houve uma mudança na comunidade empresarial, mas também no mundo político ao longo dos últimos anos, nas atitudes em relação ao investimento no mundo autocrático", congratulou-se, referindo posições durante a presidência de Joe Biden e da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. 

"Alguns destes aspetos já estão a começar a mudar, mas penso que poderiam mudar mais rapidamente", argumentou.

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