"A segurança é a base de tudo o que deve acontecer aqui, incluindo o caminho para as eleições no próximo ano, mas também para prestar serviços ao povo haitiano", realçou Antony Blinken, em declarações aos jornalistas, ao lado do primeiro-ministro haitiano Garry Conille.
Blinken, o primeiro secretário de Estado norte-americano a visitar o Haiti desde 2015, lembrou que o próximo passo crítico é estabelecer um conselho eleitoral, tema que discutiu hoje com o presidente do conselho de transição presidencial, Edgard Leblanc Fils.
Este conselho eleitoral deverá lançar as bases para um calendário de eleições livres em novembro de 2025 e para uma mudança de governo entre "fevereiro e março de 2026", de acordo com Leblanc Fils.
O Haiti está atolado numa profunda crise institucional há anos, desde o assassinato do presidente Jovenel Moïse, em julho de 2021, para além de sofrer com a violência de gangues armados.
No início deste ano, os gangues começaram a controlar grande parte da capital, o que tornou mais urgente o envio da Missão Multinacional de Apoio à Segurança (MMAS).
A missão, liderada pelo Quénia e apoiada pelas Nações Unidas, tem como objetivo ajudar a polícia haitiana a repor a ordem no pequeno e pobre país das Caraíbas.
Até à data, dois contingentes foram destacados para o país -- os primeiros 200 agentes da polícia quenianos no final de junho, seguidos de outros 200 em meados de julho -- e cerca de 600 outros ainda não chegaram.
No entanto, estes números estão ainda longe dos 2.500 polícias previstos, que devem incluir elementos do Bangladesh, Benim e Jamaica.
"A tarefa que temos pela frente é extremamente complexa, mas estamos confiantes de que se os nossos parceiros se comprometerem a caminhar connosco, alcançaremos os nossos objetivos", destacou, por sua vez, o primeiro-ministro haitiano.
Os Estados Unidos são o principal apoio em termos de materiais e fundos com mais de 300 milhões de dólares contribuídos para a missão, que deverá renovar a aprovação do Conselho de Segurança das Nações Unidas no final deste mês.
Washington tem instado o resto da comunidade internacional a fazer contribuições financeiras muito maiores para que a força possa continuar a operar e outros países possam mobilizar as suas unidades e já não exclui uma modificação do mandato desta força, que foi autorizada pelo Conselho de Segurança da ONU, mas não é uma força de manutenção da paz das Nações Unidas.
O Haiti tem péssimas recordações de missões anteriores da ONU e muitos países, a começar pelos Estados Unidos, têm-se oposto até agora.
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