Em Brasília, Lula da Silva participará nas cerimónias de 7 de setembro na Esplanada dos Ministérios, onde acompanhará, de manhã, um desfile das Forças Armadas, que, este ano, tem como tema "Democracia e Independência! É o Brasil no Rumo Certo" e deve enfatizar o caráter cívico-militar do evento.
O Presidente brasileiro estará na cerimónia com a primeira-dama e várias autoridades, incluindo o juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, convidado pelo Governo para participar nas comemorações, num gesto classificado como sinal de apoio, já que a manifestação convocada por Bolsonaro e seus aliados em São Paulo, à tarde, tem o juiz do mais alto tribunal brasileiro como alvo principal.
Moraes é criticado pelos apoiantes de Bolsonaro pelas várias investigações judiciais que envolvem o ex-Presidente e seus aliados no STF e, além disso, durante a eleição presidencial de 2022, atuou como chefe da Justiça eleitoral e tomou várias decisões para que a lei e o resultado da votação fossem respeitados, contrariando interesses do ex-Presidente, que acabou derrotado no pleito.
O mesmo juiz é responsável pelas investigações dos ataques realizados em Brasília em 08 de janeiro de 2023 num inquérito que apura, entre outras coisas, se Bolsonaro e seus aliados participaram no planeamento dos atos de vandalismo nas sedes dos três poderes e se tentaram organizar um golpe de Estado na capital brasileira.
Além disso, Moraes voltou a entrar na mira dos apoiantes do ex-Presidente na semana passada por ter ordenado o bloqueio da rede social X (antigo Twitter) no Brasil, depois de a empresa ter anunciado não ter mais um representante legal no país e desrespeitar determinações judiciais, alegando preservar a liberdade de expressão dos seus utilizadores.
O bloqueio da rede social X tornou-se pano de fundo para a manifestação 'bolsonarista' organizada oficialmente pelo pastor evangélico Silas Malafaia, um dos apoiantes de Bolsonaro que convoca os protestos da extrema-direita na maior cidade do Brasil.
Além de ter Moraes como alvo, o protesto em São Paulo também é um sinal de que a extrema-direita continua ativa nas ruas brasileiras, disposta a polarizar a cena política com o Governo de centro-esquerda liderado de Lula da Silva, principalmente num ano em que o país realizará eleições municipais (a 6 de outubro).
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