A segunda viagem do primeiro-ministro espanhol à China em menos de dois anos "demonstra o desejo partilhado por ambos os países de manter um diálogo regular ao mais alto nível nas suas relações bilaterais", referiu o comunicado do governo.
A conversa entre Sánchez e Xi, ocorrida na segunda-feira, na Casa de Hóspedes do Estado Diaoyutai, em Pequim, abordou os conflitos na Ucrânia e em Gaza. O líder espanhol insistiu na necessidade de trabalhar para a paz com o envolvimento das Nações Unidas.
A China é um dos cinco membros permanentes e com direito de veto do Conselho de Segurança da ONU.
A Espanha é membro da NATO, que a China acusou de ter levado o Presidente russo, Vladimir Putin, a lançar a sua invasão em grande escala da Ucrânia há mais de dois anos.
"Queremos construir pontes para defender conjuntamente uma ordem comercial justa que permita o crescimento das nossas economias e beneficie as nossas indústrias e cidadãos", afirmou Sánchez, que também se reuniu com o seu homólogo chinês, Li Qiang, de acordo com o comunicado do governo.
Sánchez e o lado chinês defenderam o comércio livre e a promoção de intercâmbios culturais e do turismo, de acordo com a televisão estatal chinesa CCTV, mas não anunciaram quaisquer pormenores sobre uma disputa em curso sobre veículos elétricos.
"Esperamos que a Espanha continue a proporcionar um ambiente de negócios justo, equitativo, seguro e não discriminatório para as empresas chinesas investirem e fazerem negócios", disse Xi, segundo a televisão estatal.
"A Espanha apoia os princípios do comércio livre e dos mercados abertos e não apoia uma guerra comercial", afirmou Sanchez, de acordo com a CCTV.
O comércio é uma das questões mais espinhosas entre a China e Espanha.
No início do ano, a Espanha foi um dos membros da UE que manifestou o seu apoio a uma taxa punitiva de até 36,7% sobre veículos elétricos chineses. O Governo chinês reagiu lançando uma investigação sobre as importações de carne de porco da UE.
As exportações de produtos de carne de porco da UE para a China atingiram um pico de 7,4 mil milhões de euros, em 2020, quando Pequim teve de recorrer ao estrangeiro para satisfazer a procura interna depois de as suas explorações de suínos terem sido dizimadas por uma doença suína.
As exportações de carne de porco da UE para a China diminuíram desde então, atingindo 2,5 mil milhões de euros no ano passado e quase metade desse total veio de Espanha.
A tensão sobre a carne de porco não impediu a Espanha de saudar os planos do fabricante chinês de automóveis Chery de abrir uma fábrica de veículos elétricos em Barcelona.
O líder socialista espanhol também participou num fórum empresarial em Pequim para empresas espanholas e chinesas antes de viajar para Xangai, onde participou hoje em eventos empresariais e na inauguração de um Instituto Cervantes, um centro que promove a língua e a cultura espanholas.
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