"Gostaria que fosse dada uma atenção especial aos pobres, aos idosos (...) e à proteção da dignidade dos trabalhadores migrantes, que tanto contribuem para a construção da sociedade e a quem deve ser garantido um salário justo", declarou.
A Organização Internacional do Trabalho estima que existam 170 milhões de trabalhadores migrantes no mundo, o que representa cerca de 5% da população ativa global.
A mão-de-obra barata desempenhou um papel fundamental no rápido desenvolvimento de metrópoles ultramodernas como Dubai, Doha e Singapura.
Singapura alberga mais de 300 mil trabalhadores migrantes, na maioria do Bangladesh, da Índia e da China, que contribuem, com magros salários, para a construção de imponentes arranha-céus e vastas infraestruturas da cidade-Estado.
Grupos de defesa dos direitos humanos têm denunciado o tratamento que dado pelas autoridades e apelado para a melhoria das condições de vida, para evitar qualquer forma de exploração.
Desde que foi eleito em 2013, o papa tem sido um fervoroso defensor dos direitos dos migrantes e refugiados, multiplicando os apelos para melhores condições de vida.
Francisco, de 87 anos, chegou na quarta-feira ao território de seis milhões de habitantes, quarta e última paragem da viagem pelo Sudeste Asiático e Oceânia, que termina na sexta-feira.
No primeiro discurso, proferido diante de um milhar de pessoas na Universidade Nacional de Singapura, o papa, muitas vezes crítico do neoliberalismo, homenageou também o "espírito empreendedor perspicaz" do centro financeiro, com a "floresta de arranha-céus ultramodernos que parecem surgir do mar".
No entanto, sublinhou a importância de uma sociedade baseada na "justiça social" e no "bem comum", pedindo aos dirigentes para que "prossigam estes esforços", para "melhorar as condições de vida dos cidadãos através de políticas públicas de habitação, educação de qualidade e um sistema de saúde eficiente".
Já o Presidente singapuriano, Tharman Shanmugaratnam, notou, durante a sessão na Universidade Nacional de Singapura, que "a ordem global está a enfraquecer", os "conflitos e agressões não cessam" e "as alterações climáticas estão a acelerar".
O papa é "uma voz global apaixonada contra a guerra", disse.
"Ele convida-nos constantemente a trabalhar para promover a harmonia e o diálogo entre diferentes grupos e religiões", acrescentou.
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