O Papa Francisco falou, esta sexta-feira, das eleições nos Estados Unidos, considerando que os eleitores vão fazer uma escolha "entre o menor dos males".
"É preciso escolher o menor de dois males. Quem é o menor de dois males? Aquela senhora ou aquele cavalheiro? Não sei", referiu o Papa durante uma conferência de imprensa, citada pela imprensa.
"Toda a gente com consciência deve pensar nisto e fazê-lo", afirmou.
E Francisco explicou por que razão era difícil escolher entre os dois, criticando, por um lado, as políticas anti-imigração de Donald Trump e, por outro, o apoio ao direito ao aborto dado por Kamala Harris - sem nunca mencionar os seus nomes.
"Ambos são contra a vida, seja aquele que expulsa os migrantes, seja aquele que mata bebés", disse também.
"Mandar embora os migrantes, deixá-los onde se quiser, abandoná-los... é algo de terrível, há maldade nisso", considerou, criticando as políticas do republicano, que ainda esta semana protagonizou mais um episódio contra os imigrantes, acusando-os de comerem animais de estimação em Ohio. As declarações, ditas no debate, já foram criticadas por muitos, inclusive pelo presidente dos EUA, Joe Biden, que referiu que a situação coloca esta população "sob ataque".
O jesuíta argentino foi convidado a dar conselhos aos eleitores católicos americanos, numa conferência de imprensa durante o voo de regresso Roma, depois da sua passagem por quatro nações pela Ásia.
Apesar de os nomes de Kamala ou Trump não terem sido proferidos, Francisco exprimiu-se em termos muito claros quando lhe foi pedido que se pronunciasse sobre as suas posições relativamente a duas questões que são um tema quente nas eleições americanas - o aborto e a migração - e que são também uma grande preocupação para a Igreja Católica.
O Papa fez da situação dos migrantes uma prioridade do seu pontificado e fala com ênfase e frequência sobre o assunto.
Fazer um aborto é matar um ser humano. Podem gostar da palavra ou não, mas é matar. Temos de ver isto claramente
Relativamente ao aborto, embora defenda firmemente os ensinamentos da Igreja que o proíbem, não tem dado tanta ênfase à doutrina da Igreja como os seus antecessores.
Francisco disse que a migração é um direito descrito nas Escrituras e que qualquer pessoa que não siga o apelo bíblico para acolher o estrangeiro está a cometer um "pecado grave".
Foi também direto ao falar sobre o aborto: "Fazer um aborto é matar um ser humano. Podem gostar da palavra ou não, mas é matar. Temos de ver isto claramente", disse.
Não é a primeira vez que o papa Francisco se pronuncia sobre uma eleição nos EUA. No período que antecedeu as eleições de 2016, foi questionado sobre o plano de Trump de construir um muro na fronteira entre os EUA e o México e, na altura, declarou que qualquer pessoa que construa um muro para impedir a entrada de migrantes "não é cristã".
[Notícia atualizada às 22h54]
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