"De todos os aliados da Rússia, o nosso maior problema vem da Coreia do Norte, porque o volume de produtos militares que fornece afeta realmente a intensidade dos combates", disse hoje o chefe dos serviços secretos ucranianos, Kyrylo Boudanov na conferência Estratégia Europeia de Yalta, em Kyiv, uma conferência que se realiza anualmente na Ucrânia.
As autoridades norte-coreanas "fornecem enormes volumes de munições de artilharia (...) isto é crítico para nós", disse o influente general Kyrylo Budanov. "Infelizmente, (...) não há nada que possamos fazer neste momento", admitiu.
"O facto de também estarem a fornecer mísseis balísticos é desagradável", mas menos grave devido à sua menor quantidade, acrescentou o general.
Os Estados Unidos e a Coreia do Sul acusaram Pyongyang de fornecer à Rússia munições e mísseis para apoiar a invasão da Ucrânia, em curso desde fevereiro de 2022.
Pyongyang rejeita as acusações, mas o organismo de investigação "Conflict Armament Research" afirmou esta semana que as análises dos destroços mostram que "os mísseis produzidos este ano na Coreia do Norte estão a ser utilizados na Ucrânia".
Segundo Kyrylo Budanov, a Rússia fez "progressos consideráveis" na produção de mísseis balísticos Iskander e aumentou "várias vezes" o número de bombas aéreas planadoras, armas que o exército russo utiliza para atingir alvos civis e militares na Ucrânia.
"Podemos agora ver claramente a utilização maciça de mísseis Iskander-M" em toda a Ucrânia, enquanto "as bombas guiadas representam um enorme problema na linha da frente", onde são lançadas contra as tropas ucranianas, afirmou.
O general considerou, no entanto, que a Rússia, atualmente na ofensiva na frente ucraniana, tentará pôr fim à guerra "antes de 2026", para evitar ver as suas posições enfraquecidas pela acumulação de problemas económicos, devido, nomeadamente, às sanções ocidentais e aos problemas de mobilização, num contexto de pesadas perdas na frente.
Kyrylo Boudanov, cujo departamento é conhecido por operações ousadas no interior da Rússia, afastou os receios ocidentais de uma escalada no pior conflito armado na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
"Todos estes dilemas: haverá ou não haverá uma escalada? Que escalada? (...) Não vai haver nenhuma", disse, apelando ao Ocidente para que "não tenha medo" de armar a Ucrânia de forma mais eficaz.
Exaustos por dois anos e meio de guerra, os ucranianos vão continuar a lutar, garantiu.
"Estamos a lutar pela nossa terra e não temos outra escolha. Não podemos dizer: 'Estou cansado, acabou-se, vou-me embora (...). É esse o nosso ponto forte", disse.
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