Várias explosões com 'pagers' portáteis em Beirute e noutros pontos do Líbano provocaram, na terça-feira, por volta das 15h30 [13h30 em Lisboa], nove mortos e 2.750 feridos.
Inicialmente, o grupo xiita libanês Hezbollah foi apontado como responsável depois de se identificar que as zonas onde aconteceram as explosões correspondem também aos locais do país onde a presença dos membros do grupo é maior. Uma acusação que não foi negada pelos líderes do grupo que, pouco depois, confirmou que os aparelhos eletrónicos estavam na posse dos seus membros e garantiu que iria avançar com uma investigação "científica e de segurança" em grande escala.
Entre os mais de dois mil feridos encontra-se o embaixador do Irão no Líbano, Mojtaba Amani, de acordo com a televisão estatal de Teerão, mas os seus ferimentos são ligeiros. Segundo o Ministério da Saúde, a maioria das vítimas sofreu ferimentos "na cara, nas mãos, na barriga e até nos olhos".
Perante o grande número de feridos, o Ministério da Saúde Pública libanês apelou a todos os hospitais das áreas afetadas para ativarem o nível de "alerta máximo" e se prepararem para lidar com uma "necessidade urgente de saúde de emergência".
Enquanto isso, a agência de notícias estatal informou que os hospitais no sul do Líbano, no leste do Vale de Bekaa e nos subúrbios sul de Beirute, apelaram para a doação de sangue de todos os tipos.
Israel por detrás da "agressão terrorista"?
O movimento armado Hezbollah está envolvido num intenso fogo cruzado com Israel há mais de 11 meses e tanto Hezbollah como os Hutis fazem parte da aliança informal anti-Israel denominada 'Eixo da Resistência', que é liderada pelo Irão e composta por outros grupos como as milícias pró-Irão do Iraque ou do grupo islamita palestiniano Hamas, entre outros.
Algumas horas após esta sequência de explosões, e mesmo após o Hezbollah ter admitido que os 'pagers' estavam na posse dos seus membros, o Irão, o Governo libanês, os Hutis, o Hamas e o próprio Hezbollah atribuíram a Israel a responsabilidade pelas explosões, com Hamas a acusar mesmo o país de ter feito uma "agressão terrorista" que não fez qualquer distinção "entre combatentes da resistência e civis".
Já o Hezbollah afirmou em comunicado que Israel é "inteiramente responsável" por "esta agressão criminosa" e que receberá a sua "justa punição".
Do lado libanês, o Ministério dos Negócios Estrangeiros atribuiu as explosões a um "ciberataque israelita, no qual foi detonado um grande número de 'pagers'", e revelou que está a preparar uma queixa ao Conselho de Segurança da ONU.
Contactadas por várias agências noticiosas internacionais, as autoridades israelitas ainda não se pronunciaram sobre os acontecimentos no Líbano.
Como é que os 'pagers' foram preparados para explodir?
Ainda não é claro como é que os dispositivos utilizados no Líbano foram preparados para explodir. Um membro do Hezbollah, que falou sob anonimato, disse à Associated Press (AP) que os novos modelos de 'pagers' portáteis utilizados pelo grupo xiita primeiro aqueceram e depois explodiram.
De acordo com o ministro das Telecomunicações do Líbano, Johanny Corn, os 'pagers' que explodiram após as baterias aquecerem faziam parte de um carregamento que "chegou recentemente" ao país.
"Talvez tenham sido ativados remotamente, mas não sabemos como", disse Corn, acrescentando que é mais provável que os 'pagers' tenham sido introduzidos no Líbano para este fim.
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