Líbano. Bulgária investiga se empresa de Sófia vendeu 'pagers' explosivos

A Bulgária está a investigar o alegado envolvimento de uma empresa de Sófia na venda dos 'pagers' explosivos que mataram 12 pessoas no Líbano na terça-feira, anunciou hoje a agência nacional de segurança búlgara (DANS).

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Lusa
19/09/2024 10:25 ‧ 19/09/2024 por Lusa

Mundo

Tensão no Médio Oriente

A DANS afirmou num comunicado que a agência fiscal e o Ministério do Interior estavam a investigar se a empresa forneceu o equipamento ao grupo xiita libanês Hezbollah.

 

A agência de segurança negou que o equipamento tenha estado em território búlgaro e afirmou que "não foram efetuadas quaisquer operações aduaneiras com as mercadorias em questão", em resposta a notícias do portal húngaro Telex.

Segundo o Telex, a Norta Global Ltd., uma empresa sediada em Sófia, capital da Bulgária, importou os 'pagers' de Taiwan.

A informação complica ainda mais a cadeia de deteção da origem dos aparelhos utilizados pelo Hezbollah, que é considerado uma organização terrorista pela União Europeia, de que fazem parte Bulgária e Hungria, segundo a agência espanhola EFE.

A empresa taiwanesa Gold Apollo, que distribui o equipamento, alegou que os modelos que explodiram no Líbano foram concebidos e fabricados sob licença pela empresa húngara BAC.

O Governo húngaro afirmou na quarta-feira que a empresa atua apenas como intermediário comercial e não tem instalações de produção na Hungria, pelo que os aparelhos nunca estiveram no país.

A Telex citou hoje "fontes envolvidas no caso" dizendo que, embora a BAC tenha assinado um contrato com a empresa de Taiwan, foi a Norta Global Ltd. que que importou e vendeu os dispositivos ao Hezbollah.

A Norta Global Ltd. dedica-se a "serviços de consultoria de gestão", de acordo com as informações constantes das páginas de registo da empresa, noticiou a EFE.

As explosões dos 'pagers' ocorridas no Líbano na terça-feira provocaram 12 mortos e cerca de 2.800 feridos.

Várias fontes, incluindo o Hezbollah e o grupo palestiniano Hamas, responsabilizaram Israel pelos ataques.

Israel não assumiu a autoria da operação.

Três peritos dos serviços secretos israelitas citados pelo diário norte-americano New York Times afirmaram que os preparativos para a operação começaram há anos e que foram criadas várias empresas de fachada.

A BAC, fundada em 2022, poderá ser uma delas, segundo os peritos, citados hoje pelos meios de comunicação social húngaros.

Um dia após o caso dos 'pagers', registaram-se no Líbano explosões de 'walkie-talkies' também usados pelo Hezbollah que provocaram mais 20 mortos e 450 feridos, segundo o Governo libanês.

Nos ataques de quarta-feira, ouviram-se várias explosões num funeral em Beirute de três membros do Hezbollah e de uma criança mortos pela explosão de 'pagers' no dia anterior, segundo a agência norte-americana AP.

No total, as explosões de milhares de pagers' e 'walkie-talkies' causaram 32 mortos e mais de 3.200 feridos, de acordo com as autoridades libanesas.

Estes incidentes sem precedentes suscitaram o receio da eclosão de uma guerra aberta no Líbano, associados a declarações de militares israelitas a anunciar a deslocação do foco da guerra na Faixa de Gaza para a região fronteiriça israelo-libanesa.

A região tem sido palco de tiros cruzados de Israel e do Hezbollah desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em 07 de outubro, entre as forças israelitas e o grupo islamita palestiniano Hamas, aliado do grupo xiita libanês.

A guerra foi desencadeada pelo ataque do Hamas em solo israelita, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns.

Israel respondeu com uma ofensiva na Faixa de Gaza que provocou mais de 41.200 mortos em 11 meses de combates.

Leia Também: Ataques no Líbano não vieram na melhor altura, diz inteligência israelita

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