Submersível Titan funcionou mal dias antes da expedição fatal ao Titanic

O diretor de operações, David Lochridge, admitiu, na terça-feira, que o principal objetivo da OceanGate era obter lucro e que "muito pouca" ciência estava envolvida.

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© Ocean Gate / Handout/Anadolu Agency via Getty Images

Daniela Filipe
19/09/2024 22:38 ‧ 19/09/2024 por Daniela Filipe

Mundo

Submarino Titan

O diretor científico da OceanGate, proprietária do submersível Titan, revelou, esta quinta-feira, que a invenção de Stockton Rush funcionou mal dias antes da expedição fatal ao Titanic, que ocorreu no ano passado.

 

“Um passageiro ficou pendurado de cabeça para baixo. Os outros dois conseguiram prender-se na tampa da proa”, disse Steven Ross ao painel da Guarda Costeira dos Estados Unidos, citado pela CBS News.

O responsável adiantou, contudo, que não tinha conhecimento se o submersível foi avaliado após este incidente.

A Guarda Costeira ouviu ainda o testemunho da especialista Renata Rojas, que assegurou que todos os que estavam ligados à OceanGate e ao Titan partilhavam um sentimento de aventura semelhante. A investigadora confessou, ainda assim, saber que o submersível não tinha sido avaliado pela Guarda Costeira e que não tinha sido construído conforme as normas da indústria, mas salientou que a empresa foi transparente quanto à sua tecnologia e mergulhos experimentais.

“Sabia que o que estava a fazer era muito arriscado. Em nenhum momento me senti insegura com a operação”, disse.

Por outro lado, o diretor de operações, David Lochridge, admitiu, na terça-feira, que o principal objetivo da OceanGate era obter lucro e que “muito pouca” ciência estava envolvida.

Recorde-se que o incidente tirou a vida ao empresário e explorador Hamish Harding, ao empresário paquistanês Shahzada Dawood e ao filho, Suleman Dawood, ao CEO da OceanGate, Stockton Rush, e ainda ao especialista no Titanic Paul-Henri Nargeolet.

Apesar da esperança de que os tripulantes pudessem estar vivos, depois de sons subaquáticos terem sido detetados, a operação contrarrelógio teve um final trágico ao fim de cinco dias, com a localização de escombros que correspondiam à parte exterior do submersível na área dos destroços do Titanic.

No final de junho do ano passado, as autoridades canadianas recolheram os destroços do submersível no porto de St. John’s, numa operação que contou também com o apoio da Guarda Costeira dos Estados Unidos.

Mais tarde, o organismo revelou que foram encontrados possíveis "restos mortais" nestes componentes do Titan, que seriam analisados por uma equipa médica.

De notar que James Cameron, o diretor do filme 'Titanic' que desenhou submarinos capazes de atingir uma profundidade três vezes superior à do Titan, equacionou que os críticos de Stockton Rush estavam corretos ao denunciar que um casco de fibra de carbono e titânio permitiria a entrada microscópica de água, levando a uma falha progressiva do veículo ao longo do tempo. Contudo, o CEO da OceanGate acreditava que a fibra de carbono teria uma relação força-flutuabilidade melhor do que o titânio.

Sublinhe-se ainda que, em 2018, um funcionário da OceanGate foi demitido por ter alertado para preocupações com o controlo de qualidade do Titan, tendo sido acusado pela empresa de quebra de contrato, fraude e apropriação indevida de segredos comerciais. O homem recusou as acusações e processou a entidade, num processo que foi resolvido fora do tribunal

Já em 2021, a OceanGate assegurou que o submersível "foi construído e projetado em consulta com engenheiros e fabricantes especializados", além de incluir "vários sistemas de segurança".

Leia Também: Mais de um ano após implosão, revelada imagem dos destroços do Titan

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