"O Conselho de Segurança tem de se tornar mais representativo e as suas decisões devem refletir a vontade coletiva da comunidade internacional", afirmou Xanana Gusmão no discurso proferido na 79º Assembleia-Geral da ONU, que decorre na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque.
Defendendo uma reforma abrangente do Conselho de Segurança, o chefe do Governo timorense disse que o "principal órgão de paz e segurança do deve ser expandido para não haver sub-representação" e deve "incluir a voz permanente" do continente africano, da América Latina e da Ásia.
"As vozes das nações mais pequenas não devem ser ofuscadas pelos interesses dos Estados mais poderosos", salientou.
"Consideramos também que a própria Assembleia-Geral tenha mais poder em questões de segurança para evitar que os Estados-membros paralisem em situações críticas", disse.
Xanana Gusmão expressou também grande "preocupação e evidente apoio a uma solução pacífica para o conflito entre Israel e Palestina" e apelou para o "fim imediato do genocídio", assim como o fim da guerra na Ucrânia.
"Existem instrumentos do direito internacional, da diplomacia e da cooperação multilateral para resolver litígios pacificamente, mas estes instrumentos não são aplicados de forma coerente e são frequentemente ignorados. Apelamos para a resolução pacífica dos litígios e conflitos internacionais, quer se trate de fronteiras, de soberania ou de cooperação", afirmou Xanana Gusmão.
Na sua intervenção, o primeiro-ministro timorense pediu o fim do embargo a Cuba, considerando-o inaceitável e apelou à realização do referendo de autodeterminação no Saara Ocidental.
"Apelo ao secretário-geral, António Guterres, para abraçar esta causa justa deste povo, como Kofi Annan o fez pela causa timorense", disse Xanana Gusmão, referindo-se ao referendo em Timor-Leste, realizado a 30 de agosto de 1999, que pôs fim à ocupação indonésia.
Em relação às alterações climáticas, o primeiro-ministro timorense alertou para a necessidade de existirem "condições financeiras, reforço de capacidade e transferência de tecnologia".
"O fundo de 'perdas e danos', aprovado na COP 28, no Dubai, tem de conseguir contribuições mais significativas por parte dos países ricos e desenvolvidos. É urgente assumirem este compromisso", pediu Xanana Gusmão.
O líder timorense apelou a todos os países, "em especial do mundo desenvolvido", para se juntarem a Timor-Leste na "construção de um futuro mais justo, mais equitativo e mais sustentável, cumprindo assim a visão do Pacto para o Futuro".
"E, lembro, sem as Nações Unidas o nosso futuro seria ainda mais sombrio. Com todas as suas fragilidades ou necessidade de mudança, as Nações Unidas são o mecanismo, comprovadamente, mais promissor que temos para ultrapassar as dificuldades do nosso tempo. Sem este organismo, estaríamos verdadeiramente sem saída", concluiu Xanana Gusmão.
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