"Taipé deve regressar a afirmações mais ponderadas da sua soberania de facto, Pequim deve reduzir o seu assédio militar a Taiwan e Washington deve recordar a ambas as partes porque é que isso é do seu interesse", refere o mais recente relatório do 'think tank' intitulado 'O aumento da divisão no Estreito de Taiwan'.
A análise surge num contexto de crescentes tensões entre os dois territórios após a eleição este ano de William Lai como Presidente da ilha, com governo autónomo mas que Pequim considera como uma província sua.
Esta quinta-feira, na sequência do lançamento pela China de um míssil balístico intercontinental, Taipé instou Pequim a agir com "racionalidade e autocontrolo e a pôr termo a todas as atividades que prejudiquem a paz e a estabilidade e aumentem as tensões".
"Só assim poderão ser satisfeitos os interesses e as expectativas dos países da região", declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Taiwan, depois de o Ministério da Defesa chinês ter referido que o lançamento do projétil, que transportava uma ogiva explosiva, pretendia "testar o desempenho do seu armamento e a eficácia do seu treino militar".
Para o Crisis Group, é "improvável" uma guerra a "curto prazo", mas a "continuação da via do confronto reduzirá o espaço para os dois governos gerirem as suas diferenças a longo prazo".
Assim, "ambas as partes devem procurar manter os canais de comunicação" e "Washington deve recordar tanto a Taipé como a Pequim as vantagens de retomar posturas mais flexíveis".
Na base destas conclusões está o facto de Pequim "ver mais riscos do que recompensas" numa reunificação por meio da força: além do "risco de entrar num conflito direto com os EUA", a China enfrenta "descontentamento devido ao abrandamento do crescimento económico e à corrupção nas suas forças armadas".
"Embora a China tenha adotado medidas de retaliação contra Taiwan e os EUA, também continuou a projetar a confiança de que a unificação acabará por acontecer e minimizou o significado da postura mais confrontacional de Lai", que foi caracterizado por Pequim como um "agitador".
Pôr 'água na fervura' faz ainda mais sentido face às "incertezas" sobre qual a abordagem da nova administração norte-americana, que resultará das eleições de novembro, lê-se no relatório.
Até às eleições e "idealmente" também depois, o Crisis Group sugere aos norte-americanos que comuniquem a Pequim que uma postura mais 'musculada' terá um "custo adicional para a sua reputação" e "acelerará os esforços dos EUA e dos seus aliados asiáticos para contrabalançar a crescente influência" chinesa.
"Ao mesmo tempo, os EUA devem deixar claro a Pequim que não encorajaram Lai a adotar uma postura mais dura", enquanto continuam a apoiar as reformas de defesa da ilha para clarificar a Pequim qual o "custo de uma agressão militar".
"Mas também é importante que Washington recorde a Taipé os benefícios de um tom mais comedido ao falar da sua soberania, nomeadamente o apoio contínuo dos EUA e de outras potências estrangeiras", acrescenta-se no relatório.
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