Melania Trump, mulher do republicano Donald Trump, confirmou, na quinta-feira, que defende o direito ao aborto, expondo um forte contraste com o marido, candidato à presidência dos Estados Unidos. Mas, antes de Melania Trump, que outras primeiras-damas ou ex-primeiras-damas tomaram uma posição semelhante?
A ex-primeira-dama, entre 2017 e 2021, casada com Donald Trump há quase 20 anos, escreveu num livro de memórias que "restringir o direito de uma mulher e escolher se quer interromper uma gravidez indesejada é o mesmo que negar-lhe o controlo sobre o seu próprio corpo", noticiou o britânico The Guardian na manhã de quinta-feira.
Já à noite, Melania Trump divulgou um vídeo nas suas redes sociais, onde parece confirmar a sua posição em relação ao aborto. "A liberdade individual é um princípio fundamental que protejo. Sem dúvida, não há espaço para compromissos quando se trata deste direito essencial que todas as mulheres possuem desde o nascimento: a liberdade individual. O que significa realmente 'o meu corpo, a minha escolha'?", destacou.
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— MELANIA TRUMP (@MELANIATRUMP) October 3, 2024
No entanto, como recorda a BBC, Melania não é a primeira mulher de um presidente ou ex-presidente republicano a discordar do marido, já que Donald Trump vangloria-se frequentemente de que a sua nomeação de três juízes conservadores para o Supremo Tribunal norte-americano foi a chave para derrubar a proteção federal ao aborto.
Em 1975, quando ainda estava na Casa Branca, a primeira-dama Betty Ford, mulher do republicano Gerard Ford (1974-1977), afirmou que o processo Roe v. Wade, que concedeu o direito federal e universal ao aborto em todo o país, em 1973, era uma "grande, grande decisão".
Mais tarde, Nancy Reagan, mulher do presidente Ronald Reagan (1981-1989), esperou até que o marido deixasse a Casa Branca para dizer publicamente que "acreditava na escolha da mulher".
Também Barbara Bush, mulher do presidente George HW Bush (1989-1993), e a sua nora, Laura Bush, mulher do presidente George W Bush (2001-2009), decidiram apenas divulgar a sua opinião após os maridos abandonarem a Casa Branca.
"Penso que é importante que continue a ser legal, porque penso que é importante para as pessoas, por razões médicas e outras", disse Laura Bush numa entrevista, em 2010, citada pela BBC.
O direito federal ao aborto, recorde-se, foi revogado em junho de 2022 quando a maioria conservadora do Supremo Tribunal anulou a decisão de 1973 conhecida como Roe v. Wade.
Posteriormente, essa decisão deu lugar a que estados republicanos em quase metade do país impusessem vetos severos ou totais ao aborto, medidas extremamente impopulares entre a maioria do eleitorado, que foram derrotadas sempre que foram submetidas a votação.
Encorajados pela onda conservadora impulsionada por evangélicos influentes, alguns republicanos chegaram a suscitar a ideia de impor uma restrição nacional caso controlem os poderes Executivo e o Legislativo.
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