"A maioria parlamentar decidiu reiniciar o processo de destituição [contra Zurabishvili] e preparar uma nova apresentação ao Tribunal Constitucional antes das eleições parlamentares", disse o presidente do Parlamento, Shalva Papuashvili, numa conferência de imprensa.
Há um ano, o partido no poder tentou dar início a um processo de destituição de Zurabishvili, mas apenas obteve os votos de 86 deputados e precisa de pelo menos 100 dos 150 membros do parlamento para apresentar uma petição ao Tribunal Constitucional.
O Sonho Georgiano, do bilionário Bidzina Ivanishvili, espera eleger 107 deputados nas próximas eleições parlamentares, o que, a acontecer, lhe permitirá insistir na destituição da chefe de Estado.
"A Presidente representa atualmente a oposição radical", afirmou Papuashvili, um dirigente do partido no poder, segundo a agência espanhola EFE.
Segundo o presidente do parlamento, a chefe do Estado "continua a violar as leis, tanto com visitas não autorizadas ao estrangeiro como com a recusa de aprovar embaixadores georgianos nomeados pelo Governo em diferentes países".
Referiu que, na semana passada, Zurabishvili visitou França, Alemanha e Polónia, onde se reuniu com os respetivos presidentes, e reuniu-se em Bruxelas com os líderes da União Europeia (UE), sem o consentimento do Conselho de Ministros.
"Trata-se de uma violação grave da Constituição", acusou o presidente da Assembleia Legislativa, que afirmou que a Geórgia é uma república parlamentar.
Ao mesmo tempo, admitiu que, se o processo de demissão de Zurabishvili for bem-sucedido, terá um "caráter simbólico", uma vez que o seu mandato de seis anos termina em dezembro.
Zurabishvili, que rompeu com o Governo do conservador pró-russo do partido Sonho Georgiano, manifestou-se na sexta-feira confiante na vitória pró-europeia nas legislativas de 26 de outubro, que descreveu como uma "eleição existencial" para o país.
"Temos um quase referendo sobre a escolha entre a Europa ou o regresso a um passado russo incerto", afirmou Salome Zurabishvili, 72 anos, numa entrevista à agência noticiosa francesa AFP.
A Presidente disse que "as sondagens mostram que os partidos pró-europeus são largamente maioritários".
"Estou bastante otimista quanto ao facto de a população georgiana, 80% da qual tem estado a favor da Europa nas últimas três décadas, não se voltar subitamente contra nós", afirmou na altura.
A Geórgia apresentou o pedido de adesão à UE em março de 2022, pouco depois de a Rússia invadir a Ucrânia, e tornou-se um país candidato em dezembro de 2023.
Com cerca de 3,7 milhões de habitantes, a antiga república soviética situa-se no Cáucaso e tem fronteiras com a Rússia, a Arménia, o Azerbaijão e a Turquia, sendo banhada a ocidente pelo mar do Norte.
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