Em comunicado, o ministério da Defesa Nacional (MND) de Taiwan expressou a sua "forte condenação" das "ações provocatórias e irracionais" de Pequim, que "aumentam a tensão e prejudicam a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan".
"Perante as ameaças, as forças armadas estão em alerta máximo, com a firme vontade de preparar a guerra sem a procurar, confrontá-la sem a evitar", acrescentou.
O líder de Taiwan, William Lai, convocou uma reunião sobre segurança nacional "para discutir rapidamente a resposta adequada" às manobras, de acordo com um comunicado do Gabinete Presidencial de Taiwan.
Durante a reunião, o ministro da Defesa, Wellington Koo, apelou a todos os militares para "aumentarem a vigilância, reforçarem a supervisão e coordenarem-se estreitamente com unidades como a Guarda Costeira", atuando com uma "perspetiva alargada" para "não escalarem o conflito ou provocarem disputas".
"As ações de dissuasão cognitiva e de divisão social, combinadas com ações militares contra nós, são táticas habituais do Exército comunista. O Ministério da Defesa divulgará adequadamente a dinâmica marítima e aérea, explicando as medidas que o exército tomará, sempre sob a premissa de garantir a segurança operacional", acrescentou.
A Guarda Costeira de Taiwan enviou hoje também vários barcos de patrulha, em resposta à presença de navios chineses nas proximidades da ilha, horas depois de Pequim ter anunciado nova vaga de manobras militares em torno de Taiwan.
Em comunicado, a Guarda Costeira de Taiwan (CGA) afirmou que "as ações intimidatórias e ameaçadoras" do Exército de Libertação Popular e da Guarda Costeira Chinesa (CCG) "afetaram seriamente a paz no Estreito de Taiwan e a estabilidade regional, com a intenção de perturbar o 'status quo'".
"A Guarda Costeira está totalmente preparada e defenderá firmemente as fronteiras marítimas e a soberania nacional. As embarcações comerciais e de pesca que transitam na zona foram igualmente alertadas para estarem extremamente vigilantes", declarou a CGA, que está a acompanhar "de perto" a situação em colaboração com o ministério da Defesa de Taiwan.
A agência também disse ter detetado "movimentos anormais" de navios da Guarda Costeira chinesa desde as 11:00 horas (04:00, em Lisboa) de domingo.
"Além de várias embarcações que atravessaram a linha média do Estreito de Taiwan - fronteira não oficial que foi respeitada durante décadas - foram detetadas formações de embarcações que se mantêm em águas a norte, sudoeste e leste da nossa ilha", afirmou a CGA.
"A Guarda Costeira estabeleceu imediatamente um centro de reação e mobilizou barcos de patrulha para coordenar a vigilância em conjunto com o ministério da Defesa Nacional", acrescentou o texto oficial.
O porta-voz da Guarda Costeira chinesa, Liu Dejun, afirmou em comunicado que as formações 2901, 1305, 1303 e 2102 da CCG realizaram hoje "patrulhas de aplicação da lei" nas águas próximas de Taiwan, o que constitui "uma ação prática para gerir e controlar a ilha de acordo com o princípio de 'uma só China'".
A autoridade marítima chinesa também realizou "inspeções exaustivas" no arquipélago de Matsu, ilhas controladas por Taiwan situadas a poucos quilómetros da costa chinesa, com o objetivo de "avaliar as capacidades de resposta rápida e de gestão de emergências", de acordo com outro comunicado da agência.
O envio destas embarcações surge horas depois de a China ter anunciado exercícios militares nas imediações de Taiwan, designados Joint Sword-2024B, nos quais irá replicar o bloqueio e a tomada de portos e zonas chave da ilha, bem como ataques a alvos navais e terrestres.
As manobras envolvem forças terrestres, marítimas, aéreas e mísseis e são semelhantes às que a China realizou em maio passado, também no Estreito de Taiwan e em torno do território autónomo sobre o qual Pequim reivindica soberania.
A ação de hoje é a quinta vez que a China recorre a este tipo de manobras desde 2022, ano em que realizou a primeira deste calibre em resposta à visita da então Presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, a Taiwan, que enfureceu Pequim e elevou as tensões entre os dois lados do estreito a níveis nunca vistos em décadas.
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