"Todos os dias, a situação das crianças está a piorar em relação ao dia anterior", afirmou James Elder, porta-voz da agência das Nações Unidas para a infância (UNICEF).
Segundo o representante, "em agosto, a quantidade de ajuda humanitária entregue na Faixa de Gaza foi a mais baixa de um mês desde o início da guerra".
Elder acrescentou que "em vários dias da última semana nenhum camião foi autorizado a entrar".
"Hoje estamos provavelmente a assistir às piores restrições de sempre à ajuda humanitária", denunciou.
No início do ano, numa altura em que as Nações Unidas temiam a fome na Faixa de Gaza, houve "uma verdadeira pressão para abrir novas rotas e novos pontos de acesso", disse o porta-voz da UNICEF.
Mas hoje, "a situação inverteu-se completamente", explicou, salientando que, desde maio, "os pontos de entrada foram sistematicamente bloqueados".
O norte da Faixa de Gaza "não recebeu alimentos nem ajuda alimentar durante todo o mês de outubro", lamentou.
Nos últimos dias, Israel intensificou as suas operações no norte do território palestiniano, onde centenas de milhares de pessoas estão encurraladas, segundo as Nações Unidas.
A falta de ajuda humanitária, combinada com os ataques incessantes pelas forças israelitas e o facto de cerca de 85% da Faixa de Gaza ter sido evacuada de uma forma ou de outra, tornou o território "totalmente inabitável", afirmou Elder.
Apesar desta situação, a segunda fase da campanha de vacinação contra a poliomielite teve início na segunda-feira.
Cerca de 93.000 doses foram administradas no centro de Gaza só na segunda-feira, disse o porta-voz da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tarik Jasarevic, aos jornalistas, expressando a esperança de que as pausas humanitárias necessárias sejam observadas em todo o território.
A campanha começou depois de a Faixa de Gaza ter confirmado o seu primeiro caso de poliomielite em 25 anos.
Tal como a primeira fase, a segunda fase será dividida em três etapas, aproveitando as pausas nos combates: primeiro no centro de Gaza, depois no sul e finalmente no norte do território, que é o de mais difícil acesso.
Na semana passada, as Nações Unidas reconheceram que a segunda fase seria "mais complicada" do que quando as primeiras doses foram administradas no mês passado.
O objetivo é administrar uma segunda dose a mais de 590.000 crianças com menos de 10 anos.
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