"Lamentamos a morte do comandante Mahmoud Hamdan, comandante do batalhão de Tel al Sultan em Rafah, que se ergueu como um mártir imprevisto durante os confrontos com o exército de ocupação no bairro, acompanhado pelo líder mártir Yahya Sinwar", referiu em comunicado o movimento, considerado terrorista por União Europeia, Estados Unidos e outros países.
A confirmação, também feita pelas Forças de Defesa de Israel (IDF), surge horas após o grupo palestiniano ter também confirmado oficialmente a morte de Sinwar, que elogiou como um "herói mártir", após Israel ter anunciado ontem a sua morte num confronto com soldados israelitas em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, um dia antes.
"Ele ergueu-se como um herói, como um mártir, avançando sem recuar, sacando da sua arma, enfrentando o exército de ocupação na frente das fileiras, movendo-se entre todas as posições de combate, firme e estacionado firmemente na orgulhosa terra de Gaza, defendendo a terra da Palestina", refere o obituário do Hamas para Sinwar.
Sinwar passou a maior parte do tempo escondido nos túneis e escapou da cidade de Khan Yunis para Rafah, no extremo sul da Faixa, sob pressão militar, disse o exército numa conferência de imprensa hoje.
O seu objetivo, antes de ser descoberto, era deslocar-se para a zona humanitária de Mawasi, um local convertido em refúgio onde dezenas de milhares de deslocados vivem em tendas com muito poucos recursos.
Sinwar terá planeado cuidadosamente os ataques de 07 de outubro juntamente com o chefe das Brigadas al-Qasam, o braço armado do Hamas, Mohamed Deif, assassinado num ataque israelita em junho passado em Mawasi, no sul da Faixa de Gaza.
Em maio, o procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI) solicitou mandados de detenção para Sinwar, Deif e outro líder do Hamas assassinado, Ismail Haniyeh, pelos seus alegados papéis no ataque.
Sinwar tornou-se o principal chefe do Hamas após o assassínio de Haniyeh, numa explosão no Irão em julho, que foi atribuída a Israel.
Nascido em 1962 num campo de refugiados na cidade de Khan Yunis, em Gaza, Sinwar foi um dos primeiros membros do Hamas, formado em 1987, e acabou por liderar o braço de segurança do grupo.
Israel prendeu-o no final da década de 1980, quando Sinwar admitiu ter matado 12 alegados colaboradores, um papel que lhe valeu a alcunha de "O Carniceiro de Khan Yunis".
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afirmou na quinta-feira, após o anúncio da morte do líder do Hamas, que Israel "acertou as suas contas" com Sinwar, salientando, porém, que "a guerra ainda não terminou".
Numa intervenção transmitida em direto pela televisão, Netanyahu afirmou que a morte de Sinwar é "um passo importante" no declínio do Hamas.
"Gostaria de repetir, da forma mais clara: o Hamas não governará mais Gaza. Este é o início do dia depois do Hamas e esta é uma oportunidade para vocês, residentes de Gaza, finalmente se libertarem da sua tirania", declarou Netanyahu.
Netanyahu frisou igualmente que Israel "acertou as contas" com "a pessoa que realizou o pior massacre na história do povo israelita desde o Holocausto" e insistiu que a morte de Sinwar é "um momento importante na guerra" para trazer para casa os reféns mantidos em Gaza.
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