"Exasperar Moscovo, impressionar a Europa, salvar mais uma vez o seu país -- é isso que Maia Sandu é. Uma grande líder e uma nação corajosa", declarou o antigo chefe do Conselho Europeu na rede social X, comentando desta forma a vitória do "sim" à inclusão da adesão à UE como um objetivo nacional na Constituição da Moldova, num referendo realizado domingo, em simultâneo com as presidenciais.
Já o primeiro-ministro da Geórgia, Irakli Kobakhidze, afirmou hoje que a Moldova falhou o teste da democracia a julgar pelos resultados das eleições presidenciais.
"A Moldova realizou eleições e viram o que aconteceu", declarou, acrescentando que, antes das eleições, vários candidatos foram excluídos da campanha por "razões inventadas".
O "sim" à inclusão da adesão à UE como um objetivo nacional na Constituição da Moldova obteve 50,45%, segundo os últimos dados apresentados hoje pela Comissão Eleitoral Central (CEC).
A CEC indicou tratar-se de resultados que correspondem a 99,59% dos votos, faltando ainda concluir a contagem dos votos do estrangeiro.
A Moldova candidatou-se à adesão à UE em março de 2022, tendo-lhe sido concedido o estatuto de país candidato em junho do mesmo ano. Em dezembro de 2023, os dirigentes da UE decidiram iniciar as negociações de adesão.
O referendo sobre o princípio de adesão à UE e a primeira volta das eleições presidenciais na Moldova decorreram simultaneamente no domingo, num clima de interferência "sem precedentes" da Rússia, afirmou hoje a Comissão Europeia, enquanto Moscovo, denunciou "anomalias " na contagem dos votos.
Após o início do escrutínio, no domingo, Maia Sandu denunciou a existência de uma fraude e uma interferência russa.
"Temos provas e informações de que um grupo criminoso pretendia comprar 300 mil votos. Esta é uma fraude sem precedentes cujo objetivo é comprometer a democracia. O seu objetivo é semear o medo e o pânico na sociedade", afirmou a Presidente numa brevíssima aparição perante os meios de comunicação social.
Na mesma ocasião, Sandu sublinhou que "hoje, tal como nos últimos meses, a liberdade e a democracia na Moldova estão sob ataques sem precedentes".
"Grupos criminosos, associados a forças estrangeiras, atacaram o nosso país com mentiras e propaganda (...). Não deixaremos de defender a liberdade e a democracia. Aguardaremos os resultados definitivos e voltaremos com soluções", acrescentou então.
O porta-voz do Kremlin (presidência russa), Dmitri Peskov, reagiu hoje às palavras da líder moldava, afirmando tratar-se de uma "acusação bastante grave", pelo que "deveriam ser apresentadas algumas provas ao público".
Na primeira volta das eleições presidenciais, a atual Presidente moldava ficou em primeiro lugar, com cerca de 42% dos votos, e irá agora disputar uma segunda volta, prevista para 03 de novembro, com o candidato pró-russo Alexander Stoianoglo, que obteve cerca de 26% dos votos.
Com cerca de 2,5 milhões de habitantes, a Moldova situa-se entre a Roménia e a Ucrânia.
A região separatista moldava da Transnístria ganhou destaque após o início da guerra na Ucrânia (em fevereiro de 2022) devido aos laços com a Rússia e à sua importante posição geoestratégica.
Kyiv chegou mesmo a denunciar alegadas incursões russas na Ucrânia ocidental a partir da região separatista.
A Rússia mantém um contingente de 1.500 soldados na Transnístria, cujos separatistas pró-Moscovo controlam o território desde a guerra civil na Moldova, em 1992.
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