OSCE saúda presidenciais na Moldova apesar da "ingerência" russa

A Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) saudou hoje a realização de presidenciais na Moldova, apesar da "ingerência" da Rússia, acusada de incentivar ao 'Não' no referendo sobre a adesão do país à União Europeia.

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© Pierre Crom/Getty Images

Lusa
21/10/2024 18:02 ‧ 21/10/2024 por Lusa

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Embora tenha destacado a "boa gestão" do processo eleitoral e a realização das eleições no domingo, a OSCE lamentou que as condições em que decorreu a campanha eleitoral "não tenham favorecido a igualdade de condições entre os candidatos".

 

Tal constatação foi feita pelos observadores internacionais, que afirmaram que a campanha se desenrolou "de forma competitiva mas pouco visível", apesar de terem indicado que se tratou de um processo "inclusivo".

"A forma como a campanha presidencial e a campanha para o referendo foram conduzidas em simultâneo não proporcionou uma plena igualdade de oportunidades", afirmou a organização num comunicado, em que denunciou o "uso indevido de recursos públicos" e uma cobertura mediática que favoreceu a atual titular do cargo, a Presidente Maia Sandu, e o seu Governo.

"A Moldova merece reconhecimento por ter aplicado uma série de reformas para aumentar a confiança da opinião pública no sistema eleitoral, num contexto de forte propaganda russa", disse Lucie Potuckova, coordenadora especial e líder dos observadores a curto prazo da OSCE.

"Há muito que saudar nestas eleições", defendeu, mas alertou para o facto de existirem também "alguns aspetos a melhorar: a sobreposição do período entre a inscrição de candidatos e a campanha, por exemplo, criou uma situação de desigualdade, algo que gostaríamos de ver melhorado".

Para a OSCE, há um "testemunho do firme apoio da comunidade internacional ao percurso democrático da Moldova".

Johan Buser, chefe da delegação da Assembleia Parlamentar da organização, acusou os "atores pró-russos" de "liderarem a ingerência estrangeira e as campanhas de desinformação", lamentando, ao mesmo tempo, que as opiniões tradicionais sobre as minorias e os direitos LGBTI (Lésbicas, 'Gays', Bissexuais, Transexuais e Intersexuais) tenham sido apontadas como argumentos para votar 'Não' no referendo.

"As autoridades eleitorais foram transparentes e profissionais no seu trabalho, o que se refletiu na nossa avaliação extremamente positiva da jornada eleitoral", afirmou Urszula Gacek, chefe da missão de observação eleitoral do Gabinete de Instituições Democráticas e Direitos Humanos da OSCE.

"A nossa observação ao longo das últimas semanas mostra que as condições não proporcionaram aos candidatos igualdade de circunstâncias. As recomendações que faremos com base na nossa observação terão como objetivo abordar esta e outras áreas que necessitam de melhorias, a fim de aumentar a resistência dos processos eleitorais no país e a confiança dos cidadãos nos mesmos", concluiu.

O 'Sim' à inclusão da adesão à União Europeia (UE) como um objetivo nacional na Constituição da Moldova ganhou o referendo de domingo com 50,45%, segundo os últimos dados apresentados hoje pela Comissão Eleitoral Central (CEC).

A CEC indicou tratar-se de resultados que correspondem a 99,59% dos votos, faltando ainda concluir a contagem dos votos do estrangeiro.

No domingo, o referendo sobre o princípio de adesão à UE decorreu em simultâneo com a primeira volta das eleições presidenciais na Moldova.

Na primeira volta, a atual Presidente moldava, Maia Sandu (pró-ocidental), ficou em primeiro lugar, com cerca de 42% dos votos, e irá agora disputar uma segunda volta, prevista para 03 de novembro, com o candidato pró-russo Alexander Stoianoglo, que obteve cerca de 26% dos votos.

Leia Também: Missão do PE saúda Moldova alvo de interferência russa "sem precedentes"

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