A duas semanas das eleições, os homens conhecidos como 'Central Park Five' acusaram o ex-presidente de fazer "declarações falsas e difamatórias" sobre eles durante o debate presidencial do mês passado com a vice-presidente e candidata democrata Kamala Harris, foi hoje divulgado.
O grupo pede um julgamento com júri para determinar os danos compensatórios e punitivos.
"O arguido Trump afirmou falsamente que os queixosos mataram um indivíduo e declararam-se culpados do crime. Estas declarações são comprovadamente falsas", escreveu o grupo na acusação federal citada hoje pela agência Associated Press (AP).
Estes homens avançaram para tribunal porque Trump "os difamou perante 67 milhões de pessoas, o que os levou a tentar limpar os seus nomes novamente", destacou o co-advogado Shanin Specter à AP.
Spectre não fez comentários quando questionado se havia preocupações de que alguns considerassem o processo como puramente político por causa do apoio do grupo a Harris.
"Estamos a procurar compensação nos tribunais", frisou Specter.
O porta-voz de Trump, Steven Cheung, classificou a acusação como "apenas mais um processo frívolo de interferência eleitoral, movido por ativistas de esquerda desesperados, numa tentativa de distrair o povo norte-americano da agenda perigosamente liberal e da campanha falhada de Kamala Harris" .
Yusef Salaam, Antron McCray, Kevin Richardson, Raymond Santana e Korey Wise eram adolescentes quando foram acusados de violação e espancamento, em 1989, de uma corredora branca no Central Park de Nova Iorque.
Os cinco, negros e latinos, disseram que confessaram os crimes sob coação. Mais tarde, retrataram-se, declarando-se inocentes em tribunal e foram posteriormente condenados após julgamentos com júri.
As suas condenações foram anuladas em 2002, depois de outra pessoa ter confessado o crime.
Após o crime, Trump comprou um anúncio de página inteira no New York Times, apelando à execução dos adolescentes.
O caso foi a primeira incursão de Trump numa política dura contra o crime, que antecedeu a sua personalidade política populista.
No debate de 10 de setembro, Trump distorceu factos importantes do caso quando Harris levantou o assunto.
"Eles admitiram, disseram que se declararam culpados e eu disse, 'bem, se se declararam culpados, magoaram gravemente uma pessoa, mataram uma pessoa no final... E declararam-se culpados, depois declararam-se inocentes'", destacou Trump, durante o debate.
Estes homens, agora conhecidos como os "Exonerated Five" ["Os Cinco Exonerados"] têm feito campanha por Harris e alguns discursaram na Convenção Nacional Democrata, em agosto, criticando Trump por nunca ter pedido desculpa pelo anúncio no jornal.
Juntaram-se também ao líder dos direitos civis, Al Sharpton, para um passeio de autocarro para conseguir votos.
Processos anteriores por difamação envolvendo Trump levaram a consideráveis quantias atribuídas aos queixosos.
Em janeiro, um júri atribuiu 83,3 milhões de dólares à colunista E. Jean Carroll, devido aos contínuos ataques de Trump nas redes sociais contra as suas alegações de que a tinha agredido sexualmente numa loja de Manhattan em 1996.
Em maio de 2023, um júri considerou Trump responsável por abusar sexualmente da escritora.
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