"Os combates espalharam-se para o Líbano. Outros países da região também são afetados. O grau de confronto entre Israel e o Irão aumentou acentuadamente. Tudo isto se assemelha a uma reação em cadeia e coloca todo o Médio Oriente à beira de uma guerra total", alertou Putin, num discurso realizado na cimeira dos BRICS, em Kazan, Rússia.
"É necessário pôr fim à violência e dar ajuda vital às vítimas", acrescentou, perante cerca de 20 líderes, incluindo o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas.
"A tarefa urgente é, sem dúvida, lançar um processo político abrangente para resolver o problema no Médio Oriente como um todo", defendeu Vladimir Putin, descrevendo as tensões na região como uma "fonte de preocupação".
"Esta é uma escalada de um conflito de longa data", disse.
O Presidente russo apelou, mais uma vez, à "criação de um Estado palestiniano independente que coexista pacificamente com Israel".
A Rússia, historicamente próxima de Israel, onde vive uma grande diáspora russa, reforçou, nos últimos meses, os seus laços com o Irão, inimigo de Israel e acusado pelo Ocidente de fornecer drones explosivos e mísseis de curto alcance ao exército russo.
Israel está, desde há pouco mais de um ano, envolvido em conflitos contra o grupo islamita palestiniano Hamas, a organização paramilitar xiita libanesa Hezbollah e o Irão.
A guerra no Médio Oriente começou com ataques inesperados, realizados em solo israelita no dia 07 de outubro de 2023, perpetrados por militantes do Hamas, levando o Governo de Israel a prometer aniquilar o grupo e a iniciar uma poderosa contraofensiva.
Logo no dia seguinte, o Hezbollah, grupo libanês pró-iraniano, começou a atacar as regiões israelitas que fazem fronteira entre os dois países e a receber represálias, sendo que o conflito já se tornou uma guerra aberta, tendo o Estado hebraico invadido o sul do país vizinho a 01 de outubro.
Também o Irão decidiu atacar Israel, argumentando querer responder aos ataques israelitas no Líbano, no final de setembro, que mataram um general iraniano e o líder do Hezbollah libanês, Hassan Nasrallah, que Teerão apoia financeira e militarmente.
Israel prometeu fazer o Irão pagar pelo disparo de cerca de 200 mísseis contra o seu território a 01 deste mês, o que suscitou o receio de uma conflagração regional.
O grupo BRICS, inicialmente constituído pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, alargou-se para nove membros com a integração do Irão, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos, e pretende tornar-se um poderoso contrapeso ao Ocidente.
O bloco representa os países com as maiores economias emergentes do mundo, mas a cimeira deste ano visa também angariar alianças para a Rússia já que Putin pretende demonstrar a existência de um "declínio do Ocidente".
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