"No imediato é necessária uma ajuda maciça para a população libanesa, tanto para as centenas de milhares de pessoas deslocadas pela guerra como para as comunidades que as acolhem", afirmou Macron no discurso de abertura da conferência internacional sobre o Líbano.
Os organizadores franceses da reunião que decorre em Paris esperam que as promessas de ajuda humanitária atinjam os 394 milhões de euros pedidos pelas Nações Unidas.
A Itália anunciou esta semana uma nova ajuda de 10 milhões de euros e a Alemanha prometeu na quarta-feira mais 60 milhões de euros destinados ao Líbano.
Macron condenou Israel por continuar as operações militares no Líbano frisando que o número de vítimas civis continua a aumentar.
O chefe de Estado francês reiterou o apelo a um cessar-fogo entre Israel e o movimento xiita Hezbollah (Partido de Deus).
Paris comunicou também que pretende ajudar a restaurar a soberania do Líbano e a reforçar as instituições locais.
O país, onde o Hezbollah funciona como um "Estado dentro do Estado", está sem Presidente há dois anos, sendo que as fações políticas não chegam a acordo sobre o novo chefe de Estado.
A agência de notícias norte-americana Associated Press refere que a conferência internacional ocorre num momento em que os "críticos" encaram como confusa a abordagem diplomática de Emmanuel Macron para o Médio Oriente.
Os laços da França com o Líbano, território sob mandato francês após o fim da Grande Guerra (1914-1918), são históricos sendo que a diplomacia de Paris é influente junto de Beirute.
No último mês, Israel lançou um grande bombardeamento aéreo e uma invasão terrestre do Líbano, tendo como alvo o Hezbollah, com ataques que atingiram várias regiões do país, incluindo a capital.
Segundo a Organização Internacional para as Migrações, cerca de 800 mil pessoas estão deslocadas, muitas das quais encontram-se atualmente em abrigos lotados.
Muitas populações fugiram para a Síria, atravessando a fronteira.
O governo libanês, sem recursos financeiros, está mal preparado para lidar com a crise e com o aumento das necessidades, nomeadamente, do sistema de saúde.
Vários hospitais foram evacuados devido aos ataques aéreos.
Nas últimas semanas, Macron pareceu endurecer as posições da França contra Israel, apelando repetidamente a um cessar-fogo no Líbano e em Gaza, condenando o "insuportável número de vítimas humanas".
De acordo com o Palácio do Eliseu, Macron esteve em contacto com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu na passada segunda-feira e voltou a pedir o cessar-fogo.
Recentemente, registaram-se tensões entre os líderes francês e israelita, especialmente depois de Macron ter apelado à suspensão das exportações de armas utilizadas em Gaza.
Macron também condenou veementemente o facto de Israel ter visado "deliberadamente" as forças de manutenção da paz da ONU no sul do Líbano.
A conferência que decorre hoje envolve ministros e funcionários de mais de 70 países e organizações internacionais, incluindo a União Europeia e parceiros regionais, disse o gabinete de Macron.
O primeiro-ministro libanês em exercício, Najib Mikati, que se reuniu com Macron na quarta-feira, vai estar presente.
A França tem como objetivo coordenar o apoio internacional para fortalecer as Forças Armadas do Líbano para que se possam "implantar de forma mais ampla e eficiente" no sul do país como parte de um eventual acordo para acabar com a guerra.
Esse acordo poderia levar o Hezbollah a retirar as forças da zona de fronteira.
O apoio internacional pode incluir equipamento, formação e ajuda financeira para contratar tropas e assegurar as necessidades quotidianas do Exército, acrescentou o gabinete de Macron.
O Exército libanês, duramente atingido por cinco anos de crise económica, dispõe de um arsenal antiquado e não tem sistemas de defesa aérea, contando com cerca de 80 mil efetivos, dos quais cinco mil estão no sul do país.
O Hezbollah conta com mais de 100 mil combatentes, segundo o último líder do grupo, Hassan Nasrallah, morto num ataque israelita.
Os participantes na conferência também devem discutir a forma de apoiar a missão de manutenção da paz da ONU, com 10.500 soldados.
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