Alexander McCartney, que admitiu os 185 crimes de abuso de menores que lhe eram imputados, é "a primeira pessoa no Reino Unido a ser condenada por homicídio residindo a vítima num país estrangeiro", declarou um responsável da polícia norte-irlandesa à comunicação social.
O estudante de informática fazia-se passar por uma adolescente para entabular amizade com jovens com idades entre dez e 16 anos em redes sociais como o Snapchat, antes de começar a chantageá-las.
McCartney começava por pedir às raparigas que lhe enviassem fotografias e depois começava a chantageá-las exigindo-lhes material sexual mais explícito.
Pensa-se que este poderá ser o maior caso de 'catfishing' de sempre no Reino Unido (crimes em que o criminoso se faz passar por outra pessoa para coagir as suas vítimas).
No caso da adolescente norte-americana Cimarron Thomas, de apenas 12 anos, da Virgínia Ocidental, a chantagem de McCartney levou-a a suicidar-se em maio de 2018 para não ter de ceder às exigências do agressor, de envolver a irmã mais nova em atos sexuais.
Apenas 18 meses após a sua morte, o pai da rapariga, Ben Thomas, um antigo veterano do Exército dos Estados Unidos, também se suicidou, incapaz de lidar com a tragédia.
Segundo se soube durante o julgamento, o arguido ameaçou outra criança de que enviaria pessoas a sua casa para "a violar" se ela não cumprisse as suas exigências. Em muitos casos, as suas exigências prendiam-se com a participação dos irmãos mais novos das vítimas.
McCartney, que se declarou culpado de homicídio involuntário em relação à morte de Cimarron, admitiu também 59 acusações de chantagem, dezenas de acusações relacionadas com a produção e distribuição de fotografias indecentes e crimes de aliciamento de menores para participação em atos sexuais.
A polícia classificou-o como um "pederasta cruel, temerário e perigoso" e disse que pode haver cerca de 3.500 vítimas do predador, que cometia os crimes a partir do seu quarto, por todo o mundo, em locais como a Austrália, a Nova Zelândia e os Estados Unidos.
O juiz John Ailbe O'Hara, do tribunal de Belfast, declarou hoje que é "difícil" pensar num "desviante sexual" que possa representar um perigo maior que McCartney.
"Tanto quanto sei, nunca houve um caso como este, em que um arguido tenha utilizado as redes sociais à escala industrial para infligir danos tão terríveis e catastróficos a meninas pequenas, entre os quais a morte de uma menina de 12 anos", afirmou.
O magistrado lamenta também que o agressor "não tenha sentido remorsos".
"Ignorou múltiplas oportunidades para parar. Ignorou múltiplos pedidos de clemência. Mentiu e mentiu e mentiu e mentiu e mentiu novamente", comentou.
A pena de prisão perpétua é acompanhada de uma pena mínima de 20 anos, depois de Alexander McCartney admitir ter chantageado, produzido e distribuído "imagens indecentes" e incitado crianças a praticar atos sexuais, a partir do quarto da sua casa de família em Newry, na Irlanda do Norte.
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