Guterres e Putin reuniram-se para responder a "necessidades operacionais"

A ONU justificou hoje que a deslocação do secretário-geral, António Guterres, à cidade russa de Kazan, onde participou na cimeira dos BRICS, e o seu posterior encontro com o Presidente russo, Vladimir Putin, tiveram por base "necessidades operacionais".

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© ALEXANDER NEMENOV/POOL/AFP via Getty Images

Lusa
25/10/2024 20:11 ‧ 25/10/2024 por Lusa

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O porta-voz adjunto do secretário-geral, Farhan Haq, foi questionado durante uma conferência de imprensa sobre a razão pela qual Guterres se tinha encontrado com alguém com um mandado de detenção emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), uma questão que também provocou um mal-estar generalizado na Ucrânia.

 

"Estamos preocupados com a guerra na Ucrânia e com a segurança da navegação no Mar Negro, e são essas as razões que justificam o encontro, com condições rigorosas", disse Haq, embora tenha reconhecido que o encontro entre Putin e Guterres não tenha produzido "quaisquer resultados concretos".

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, recusou-se hoje a receber o secretário-geral da ONU em Kiev devido à visita do representante à cidade russa de Kazan no âmbito da cimeira dos BRICS.

Em relação à recusa do presidente ucraniano, o porta-voz disse à agência espanhola EFE numa declaração escrita: "Não foi esse o caso. Estamos em contacto com as autoridades ucranianas para encontrar uma data conveniente para essa viagem e vamos continuar com esse esforço".

Sobre o aperto de mão entre Guterres e Putin, Haq afirmou que o importante não foi o gesto, "mas as palavras que o secretário-geral disse e as palavras que eu repeti aqui, que são muito claras", referindo-se ao comunicado da ONU em que Guterres condenou a invasão da Ucrânia e apelou ao respeito pela carta fundadora da ONU e pela legalidade internacional.

Farhan Haq salientou ainda a importância dos BRICS, o bloco das principais economias emergentes.

Guterres, disse o porta-voz, "sentiu a necessidade de participar na cimeira dos BRICS, uma das mais importantes, dado o grande número de Estados-membros cujo trabalho é vital para o funcionamento" da ONU.

Na quinta-feira, António Guterres defendeu um "cessar-fogo imediato" em Gaza e apelou à paz no Líbano e na Ucrânia, ao intervir na reunião dos BRICS.

Em solo russo, Guterres apelou à paz na Ucrânia: "Uma paz justa, em conformidade com a Carta das Nações Unidas, o direito internacional e as resoluções da Assembleia Geral".

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

O grupo BRICS, fundado informalmente em 2006 e que realizou a sua primeira cimeira em 2009, inclui países que representam cerca de um terço da economia mundial e mais de 40% da população global.

Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Etiópia, Irão, Egito e Emirados Árabes Unidos integram atualmente o bloco.

Leia Também: Zelensky recusou-se a receber Guterres depois de "humilhação" em Kazan

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