"A CIDH condena o assassínio do líder opositor Edwin Santos, ocorrido a 25 de outubro (...) Segundo familiares, Santos estava desaparecido desde 23 de outubro, num contexto de repressão contra vozes dissidentes naquele país", explicou a CIDH na rede social X (antigo Twitter), na quinta-feira.
A CIDH sublinhou que o Estado da Venezuela "deve investigar o incidente com a devida diligência, considerando o seu trabalho político como um possível motivo para o crime, bem como processar e punir os responsáveis".
"A CIDH recorda que a comunidade internacional deve continuar a exigir que a Venezuela cesse a perseguição aos membros da oposição", lê-se ainda na mensagem.
Num comunicado divulgado na seu portal na Internet, a CIDH anunciou medidas cautelares de proteção a favor do jornalista e político Leocenis Garcia e dos cidadãos Israel Moisés Crespo Sulbarán e Gustavo Adolfo Torres Zambrano, cujo paradeiro permanence desconhecido.
As medidas abrangem ainda um adolescente identificado como J.D.C.C. por estar "em condições inadequadas de detenção com impactos na sua saúde".
Os beneficiários das medidas de proteção foram detidos no âmbito de protestos após as eleições presidenciais de 28 de julho.
A CIDH instou o Governo do Presidente Nicolás Maduro a adotar as medidas necessárias para proteger os direitos à vida e à integridade dos beneficiários das medidas cautelares de proteção.
Na quarta-feira, uma centena de académicos e políticos venezuelanos exigiram que se faça justiça e se investigue a morte de Edwin Santos, que a oposição diz ter sido detido e assassinado.
No entanto, segundo a polícia, o conhecido dirigente regional do VP no estado de Apure (sudoeste da Venezuela) terá falecido durante um acidente com uma motocicleta.
Num abaixo-assinado, os assinantes afirmam que Edwin foi detido por um organismo de segurança do Estado, por homens encapuzados com uma carrinha preta, havendo testemunhas e inclusive relatos de outros prisioneiros que o viram no lugar onde esteve detido.
No entanto, dois dias depois, "a Venezuela recebeu a terrível notícia da morte de Edwin Santos, um líder social da comunidade de El Nula, Edo Apure", referiu o abaixo-assinado.
"É um facto conhecido e público que Edwin foi levado vivo e estava incontactável (...). E na [passada] sexta-feira o corpo de Edwin apareceu numa ponte sobre a qual ele tinha denunciado publicamente em várias ocasiões o seu mau estado e como isso afetava a comunidade", explicam.
Segundo o abaixo-assinado, "perante os factos, tudo indica que não se trata apenas de um caso de desaparecimento forçado, mas também que a pessoa desaparecida apareceu morta".
"A versão do Governo é que ele teve um acidente de viação quando conduzia a sua motocicleta. Mas o Estado tem de explicar à Venezuela e ao mundo como é que alguém que foi detido e mantido incomunicável na sede de um organismo de segurança pode ter um acidente de viação", afirmam.
O abaixo-assinado denuncia ainda que o Governo venezuelano "tem ameaçado 'investigar' quem denuncie este atroz desaparecimento e morte".
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