"O acordo assinado a 19 de junho tem por objetivo desempenhar um papel estabilizador na região, com base no princípio da segurança indivisível, bem como reduzir o risco de guerra na península", afirmou a representante.
O Tratado de Parceria Estratégica Global foi assinado durante uma visita rara do Presidente russo, Vladimir Putin, à capital da Coreia do Norte, Pyongyang, ilustrando a aproximação diplomática e militar acelerada entre os dois países, desde o início da ofensiva russa na Ucrânia, em 24 fevereiro de 2022.
O tratado prevê, nomeadamente no seu artigo 4.º, a "ajuda militar imediata" em caso de agressão armada por parte de países terceiros.
A enviada russa lamentou o envolvimento da Coreia do Sul na "aventura dos Estados Unidos da América (EUA) de fornecer armas ocidentais às autoridades ucranianas".
"Lamentamos que os nossos amigos e parceiros de longa data em Seul estejam a perder rapidamente a sua independência sob a pressão dos EUA, pondo em risco os seus próprios interesses nacionais", reiterou.
"Ao que parece, começaram também a envolver-se no aumento do fornecimento de armas ocidentais a Kiev, que, tendo em conta as suas perdas em combate, precisa realmente delas", afirmou a enviada especial durante uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, de acordo com a agência de notícias russa TASS.
E reforçou: "Apelamos aos nossos colegas sul-coreanos para que ganhem juízo e não enveredem por este caminho extremamente perigoso que não trará nada de bom para Seul. Especialmente porque, de acordo com uma investigação sul-coreana, uma maioria definitiva da população do país não apoia o envio de armas para a Ucrânia".
Neste contexto, lamentou ainda que "ao prosseguirem uma política agressiva na península coreana, os norte-americanos estão simultaneamente a resolver os seus próprios problemas de mobilização de aliados contra a Rússia".
"Isto diz muito sobre os verdadeiros motivos dos Estados Unidos em relação à região", adiantou.
As declarações de Anna Evstigneeva surgem no meio de informações de que soldados norte-coreanos se encontram na região fronteiriça de Kursk prontos para entrar em combate com as tropas ucranianas que ocupam parte daquela região russa desde agosto.
A Coreia do Norte e a Rússia não confirmaram explicitamente o destacamento norte-coreano, mas argumentaram que a sua cooperação militar está em conformidade com as leis internacionais.
De acordo com avaliações dos serviços secretos norte-americanos, sul-coreanos e ucranianos, a Coreia do Norte terá deslocado de 10.000 a 12.000 soldados para a Rússia.
Se lutarem contra as forças ucranianas, será a primeira participação da Coreia do Norte num conflito de grande escala desde o fim da Guerra da Coreia de 1950-53, segundo a agência norte-americana AP.
Em 24 de outubro, o Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, afirmou que Seul poderia reconsiderar o fornecimento de armas letais à Ucrânia "a partir de uma posição mais flexível".
Seul também receia que Moscovo possa oferecer um compromisso de defesa à Coreia do Norte em caso de guerra na Península da Coreia.
Devido a estes receios, o Presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, apelou hoje para a adoção de medidas contra a cooperação militar entre Pyongyang e Moscovo, que disse representar uma ameaça à segurança da Coreia do Sul.
"A recente situação da segurança internacional e a cooperação militar ilegal entre a Coreia do Norte e a Rússia representam uma ameaça significativa para a nossa segurança nacional", afirmou Yoon, citado pela agência sul-coreana Yonhap.
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