"No que diz respeito a Sandu, ela não é (...) presidente do seu país, porque no próprio território do país a maioria da população não votou nela", disse o porta-voz do Kremlin (presidência), Dmitri Peskov.
"É uma sociedade extremamente dividida", acrescentou, citado pela agência espanhola EFE.
Peskov referia-se ao facto de Sandu ter sido reeleita graças ao voto da diáspora, uma vez que, entre os recenseados na Moldova, a maioria dos votos foi para o candidato pró-russo Alexandr Stoianoglo.
O porta-voz do Kremlin denunciou que centenas de milhares de moldavos residentes na Rússia foram privados da possibilidade votar, porque "apenas duas mesas de voto foram abertas" no país, tal como na primeira volta.
"Não se trata de dezenas de milhares, mas de centenas de milhares. (...) Na realidade, uma grande parte da população do país não pôde votar, ao contrário dos cidadãos moldavos que trabalham em países europeus", afirmou.
Considerando que este fator teve um impacto no resultado das eleições, Peskov afirmou que as eleições não podem ser consideradas justas.
"Estas eleições não foram democráticas nem limpas. Foram cheias de manipulações, manipulações eleitorais", disse o porta-voz do Kremlin.
Quanto às futuras relações com Sandu, Peskov referiu que até agora, a líder moldava não mostrou "qualquer interesse" em desenvolver boas relações com Moscovo.
Peskov negou qualquer interferência russa nas eleições, embora o Ministério Público da Moldova tenha acusado o oligarca exilado Ilan Shor de tentar comprar votos com transferências de bancos russos.
O porta-voz do Presidente da Rússia acusou ainda a Moldova de perseguir os meios de comunicação social russos e os partidos da oposição, uma política que descreveu como "antidemocrática e autoritária".
Maia Sandu, 52 anos, foi reeleita com 55,3% dos votos, contra 44,6% de Alexandr Stoianoglo, um antigo procurador de 57 anos apoiado pelos socialistas pró-russos,
De acordo com os socialistas, Stoianoglo recebeu o apoio de 51,19% dos eleitores residentes no país.
Tal como na primeira volta das eleições presidenciais e no referendo pró-europeu de 20 de outubro, os 300 mil moldavos que votaram no estrangeiro fizeram pender a balança.
Sandu, que acusou Moscovo de tentar desestabilizar o país com numerosos ataques híbridos, foi felicitada pelos líderes europeus e pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a quem tem apoiado desde a invasão russa, em fevereiro de 2022.
A Moldova está muito dividida, com a diáspora e a capital Chisinau predominantemente a favor da integração na UE, e as zonas rurais e duas regiões, a província separatista da Transnístria e a autónoma Gagaúzia, orientadas para a Rússia.
Com mais de 2,4 milhões de habitantes, a Moldova é considerado um dos países mais pobres da Europa.
A Moldova é um dos nove Estados reconhecidos atualmente como candidatos à adesão à UE, juntamente com Albânia, Bósnia e Herzegovina, Geórgia, Montenegro, Macedónia do Norte, Sérvia, Turquia e Ucrânia.
O país iniciou as negociações de adesão à UE em dezembro de 2023.
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