"Face à convocação de manifestações para o período de 13 a 15 de novembro, nas capitais provinciais e junto dos postos de fronteira rodoviários e portuários de Moçambique, aconselha-se a todos os cidadãos portugueses neste país que mantenham cuidados de segurança redobrados, evitando zonas com ajuntamentos populares", lê-se num aviso divulgado pelo consulado-geral.
Recomenda ainda aos cidadãos nacionais "que quaisquer deslocações sejam devidamente ponderadas e preparadas, nomeadamente através da recolha de informações prévias, junto das autoridades competentes, sobre a ausência de constrangimentos na via pública".
"A circulação rodoviária através das fronteiras terrestres de Moçambique deve ser limitada ao estritamente necessário entre os dias 13 e 15 de novembro, devido à possibilidade de bloqueios e de confrontos junto dos respetivos postos fronteiriços", acrescenta-se no aviso, apelando à opção por transportes aéreos em deslocações de maior duração.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou na segunda-feira a um novo período de manifestações em Moçambique, durante três dias, a partir de quarta-feira, em todas as capitais provinciais, contestando o processo eleitoral.
"Vamo-nos manifestar nas fronteiras, nos portos e nas capitais provinciais. Todas as 11 capitais provinciais (...) Vamos paralisar todas as atividades para que percebam que o povo está cansado", pediu Venâncio Mondlane.
O candidato falava sobre a "quarta etapa" de contestação ao processo das eleições gerais de 09 de outubro, a qual terá "várias fases", a anunciar posteriormente, sendo também contra os "raptos e sequestros" e "contra o assassinato do povo".
"Durante três dias vamo-nos manifestar. Depois faremos uma pausa", afirmou, na mesma intervenção, que disse ser feita desde "o exílio", pedindo a concentração da população de todos os distritos, até sexta-feira, em cada capital provincial, incluindo Maputo.
Um protesto que pediu para ser alargado aos portos e às fronteiras do país, e aos corredores de transporte que ligam estas infraestruturas, apelando à adesão dos camionistas.
Sobre o impacto da manifestação nacional de 07 de novembro em Maputo, que levou a capital moçambicana a um dia de caos, afirmou que nunca foi intenção realizar um golpe de Estado.
"Se quiséssemos fazer um golpe de Estado, teríamos feito", disse, garantindo: "Nós não vamos desistir, nós não vamos recuar. Já mataram muita gente".
Pelo menos cinco pessoas morreram, 38 foram baleadas e 164 detidas em Moçambique em 07 de novembro, último dia da terceira etapa das manifestações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, divulgou a organização não-governamental (ONG) moçambicana Plataforma Eleitoral Decide.
Moçambique, e sobretudo Maputo, vivem consecutivas paralisações de atividades e manifestações convocadas desde 21 de outubro por Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados das eleições gerais anunciados pela Comissão Nacional de Eleições, e de acordo com os quais Daniel Chapo e a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder) venceram o escrutínio.
As manifestações, maioritariamente violentas, deixaram um rastro de destruição em Maputo, com registo de mortos, feridos, detidos, infraestruturas destruídas e estabelecimentos comerciais saqueados, sobretudo em 07 de novembro.
Segundo dados apresentados por aquela ONG moçambicana, três das mortes ocorreram em Maputo, uma na província de Inhambane (sul), e outra na província de Tete (centro).
A plataforma Decide contabilizou igualmente 38 baleados, apresentando a cidade de Maputo o maior número de casos (32), indicando ainda que das 164 pessoas detidas, em confrontos entre manifestantes e a polícia, 61 casos foram registados na capital do país.
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