O porta-voz do Departamento de Estado, Vedant Patel, disse hoje que o progresso até à data deve ser complementado e sustentado, mas a avaliação conclui que as autoridades israelitas não estão a violar a lei norte-americana e a ajuda militar pode prosseguir.
Esta decisão surge depois de o secretário de Estado, Antony Blinken, se ter reunido com Ron Dermer, o principal conselheiro de segurança nacional do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, em Washington.
Ambos passaram em revista as medidas que Israel tomou desde que Blinken e o secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, alertaram em outubro para possíveis repercussões na ajuda militar norte-americana caso a situação da ajuda humanitária na Faixa de Gaza não melhorasse em 30 dias.
O chefe da diplomacia de Washington sublinhou "a importância de garantir que estas mudanças conduzem a uma melhoria real da terrível situação humanitária em Gaza", segundo o Departamento de Estado, além de Israel tomar "todas as medidas possíveis para minimizar os danos aos civis".
Oito organizações humanitárias internacionais fizeram porém uma avaliação bastante mais sombria, alertando hoje que "Israel não só não cumpriu os critérios dos Estados Unidos", como tomou medidas "que pioraram dramaticamente a situação no terreno, particularmente no norte de Gaza".
Um relatório das organizações (Anera, Care, MedGlobal, Mercy Corps, Conselho Norueguês para os Refugiados, Oxfam, Refugees International e Save the Children) elenca 19 medidas em conformidade com as exigências de Washington e conclui que Israel não cumpriu 15 e respeitou apenas parcialmente quatro.
Apesar de as autoridades israelitas terem dado permissão para uma entrega no norte do enclave palestiniano - praticamente sem alimentos durante mais de um mês - as Nações Unidas lamentaram fortes restrições devido à tensão militar na região e às limitações impostas pelos israelitas.
Entretanto, no sul do território, centenas de camiões com ajuda estão parados na fronteira porque a ONU afirma que não os consegue deslocar para distribuir a ajuda, mais uma vez devido à situação no terreno e a restrições militares israelitas.
A administração do Presidente Joe Biden está a pouco mais de dois meses do final do seu mandato e o novo líder da Casa Branca, Donald Trump, pretende reforçar o seu compromisso com Israel, o que poderá levar a uma diminuição ainda maior do espaço de manobra dos seus inimigos na região.
A guerra na Faixa de Gaza prolonga-se há mais de um ano, após o ataque do grupo palestiniano Hamas em solo israelita em 07 de outubro de 2023, que deixou cerca de 1.200 mortos e outras perto de 250 tomadas como reféns.
Desde então, Israel tem em curso uma operação militar em grande escala no enclave palestiniano, que já provocou mais de 43 mil mortos, na maioria civis, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, e uma catástrofe humanitária sem precedentes na região.
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