"Ontem, 13 de novembro, recebemos um cumulativo de 203 pacientes, incluindo doenças gerais, e destes 55 foram vítimas de traumas. Dos 55, cinco é que foram vítimas das manifestações", disse o diretor do Serviço de Urgência de Adulto no HCM, o maior hospital do país, Dino Lopes, em declarações à comunicação social.
O responsável avançou que do total dos feridos durante os tumultos, dois foram vítimas de provável baleamento, sendo que dos cinco, quatro já tiveram alta hospitalar.
Dino Lopes assegurou que o HCM continua em prontidão e preparado para receber e "dar resposta" a um número elevado de pacientes recorrendo ao "plano de contingência" que a unidade hospitalar possui.
Moçambique, e sobretudo Maputo, viveram paralisações de atividades e manifestações convocadas desde 21 de outubro pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados das eleições gerais, anunciados pela CNE e que dão vitória a Daniel Chapo e à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder).
Mondlane pediu um novo período de manifestações nacionais em Moçambique, durante três dias, com inicio esta quarta-feira, em todas as capitais provinciais, incluindo Maputo, contestando o processo eleitoral.
Um protesto que Mondlane pediu para ser alargado aos portos e às fronteiras do país, e aos corredores de transporte que ligam estas infraestruturas, apelando à adesão dos camionistas.
O comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM) Bernardino Rafael, disse na terça-feira que é preciso um "basta" às manifestações e paralisações, referindo que são "terrorismo urbano" com intenção de "alterar a ordem constitucional".
Na terça-feira, os empresários moçambicanos estimaram em 24,8 mil milhões de meticais (354 milhões de euros) os prejuízos causados em 10 dias de paralisações e manifestações, durante as quais 151 unidades empresariais foram vandalizadas.
O Ministério Público (MP) moçambicano já instaurou 208 processos-crime para responsabilizar os autores "morais e materiais" da violência nas manifestações pós-eleitorais, anunciou também na terça-feira a Procuradoria-Geral da República (PGR), responsabilizando o candidato presidencial Venâncio Mondlane.
A PGR referiu que, no "âmbito das suas competências constitucionais e legais", o MP "tem estado a instaurar processos judiciais, visando a responsabilização criminal" dos autores "morais e materiais", e "cúmplices destes atos".
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