"As nossas relações deram uma reviravolta e continuam a crescer, trazendo benefícios tangíveis para os nossos dois povos. Este é o resultado do nosso trabalho coletivo na mesma direção e deve ser gerido com o maior cuidado", disse Xi, no Rio de Janeiro, numa reunião com o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, à margem da cimeira do G20.
"Esta trajetória é inspiradora em muitos aspetos", observou Xi, admitindo que, na última década, desde que Pequim e Camberra assinaram um acordo global de comércio livre em 2014, as duas nações assistiram a progressos, mas também a recuos nas relações bilaterais.
Embora Austrália e China tenham dado passos no sentido de estreitar as suas relações, os comentários de Xi surgem num período de preocupação internacional com os planos do Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor taxas alfandegárias de 60% sobre as importações chinesas e de 20% sobre as de outros países.
Albanese, que agradeceu a Xi a oportunidade de se encontrar pela terceira vez durante o seu mandato, destacou os "novos e encorajadores progressos" na estabilização das relações através do diálogo, do ritmo das visitas bilaterais e das trocas comerciais, segundo a transcrição distribuída pelo seu gabinete.
"Continuamos a explorar oportunidades de cooperação prática em áreas de interesse comum, incluindo a nossa transição energética e as alterações climáticas", disse Albanese, afirmando que a região do Indo-Pacífico "beneficiará da prosperidade que pode advir da paz, segurança e estabilidade".
As relações entre a China e a Austrália, duas nações com modelos e visões geopolíticas diferentes, deterioraram-se entre 2017 e 2022, ano em que Albanese assumiu as rédeas do executivo em Camberra, o que trouxe uma normalização das relações diplomáticas e comerciais.
Desde então, a China, o maior parceiro comercial da Austrália, tem vindo a levantar progressivamente as taxas alfandegárias punitivas e as restrições comerciais impostas desde 2020 sobre uma série de produtos australianos, como o carvão, o vinho e, mais recentemente, a lagosta.
O comércio bilateral com a China aumentou 9,3% em 2023, totalizando 327,2 mil milhões de dólares australianos (200,9 mil milhões de euros), de acordo com dados do Departamento de Negócios Estrangeiros e Comércio da Austrália.
Leia Também: Xangai e Pequim baixam impostos de casas de luxo para estimular o mercado