Esta terça-feira, assinalam-se mil dias de guerra na Ucrânia, um conflito que começou a 24 de fevereiro de 2022, quando a Rússia invadiu o país vizinho.
A maior parte dos parceiros europeus e internacionais continuam a manifestar o seu apoio à Ucrânia, condenando a agressão russa, impondo sanções e a intensificar a ajuda política, militar e financeira. O Parlamento Europeu dedicou uma sessão especial, em Bruxelas, para assinalar a data e demonstrar o apoio comunitário à Ucrânia.
O plenário contou com a presença, através de videoconferência, do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que destacou o facto do presidente russo, Vladimir Putin, estar "focado em ganhar esta guerra" e que "quanto mais tempo tiver", "pior" ficará a situação.
Deixou ainda um agradecimento à Europa pelo "o apoio à nossa resistência", afirmando que aquilo que o país mais deseja é a paz e pediu ainda que o Parlamento Europeu "não se esqueça" de ajudar a Ucrânia.
1.000 dias de guerra e o apoio europeu
O Presidente da República português também assinalou os "mil dias de resistência corajosa" da Ucrânia contra a Rússia, através de uma mensagem escrita e divulgada no site da presidência e de um vídeo enviado ao presidente ucraniano. Marcelo Rebelo de Sousa referiu ainda que vê a luz verde dada pelos Estados Unidos à Ucrânia para utilização de armas de longo alcance como um apoio que "vai mais longe" mas, ainda assim, "é limitado" e não espera uma "perda de controlo" do conflito.
Também o primeiro-ministro, Luís Montenegro, reagiu dizendo que "são mil dias de guerra à democracia", acrescentando que "Portugal caminha lado a lado" com o povo ucraniano. Mais tarde, condenou as ameaças nucleares, dizendo que "o desejo é que não se vá mais longe do que aquilo que já se foi e que estas ameaças de ofensa à dignidade humana possam ser apenas ameaças de retórica e nunca operações no terreno".
A presidente do Parlamento Europeu, por seu lado, afirmou que "continuaremos do lado da Ucrânia hoje, amanhã e sempre", realçando que esta guerra "não é só agressão à Ucrânia" e que a "liberdade é o que está em causa". França, Polónia, Alemanha, Espanha, Itália e Reino Unido mostraram-se prontos para fornecer ajuda militar a Kyiv, caso os Estados Unidos reduzam o apoio, tendo em conta as declarações do presidente eleito dos EUA, Donald Trump.
Depois da autorização dos EUA... Ucrânia lança 1.º míssil de longo alcance
Foi, esta terça-feira, lançado o primeiro míssil de longo alcance norte-americano contra a Rússia. A informação foi avançada por Moscovo e confirmada pelas autoridades ucranianas.
A Rússia reagiu ao ataque, dizendo que foram lançados seis mísseis ATACMs contra a região de Bryansk. O ministério da defesa russo, em comunicado, adiantou que as suas tropas conseguiram abater cinco deles e danificaram mais um. Os fragmentos caídos provocaram um incêndio, mas não houve registo de feridos.
Já o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, considerou que "esta é uma nova fase da guerra ocidental contra a Rússia", que vão responder em "conformidade" e que é "um sinal" de que a Ucrânia e o Ocidente "querem uma escalada".
Rússia vai usar armas nucleares?
O presidente russo, Vladimir Putin, assinou um documento que aprova alterações à doutrina nuclear de Moscovo. De forma sintetizada, o país russo reserva-se ao direito de usar armas nucleares como resposta ao uso de armas de destruição em massa contra a Rússia ou os seus aliados.
Recorde-se que isto acontece depois, de no domingo, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ter autorizado às forças militares ucranianas o uso de armas de longo alcance dos EUA, que acabaram por ser usadas durante o dia de hoje.
As reações
O presidente ucraniano reagiu às "declarações sobre armas nucleares" e defendeu que chegou o momento de a Alemanha também autorizar o uso das suas armas em território russo. Zelensky afirmou que está a trabalhar com outros parceiros para que se juntem à decisão tomada pelos Estados Unidos.
Também o secretário de estado adjunto da Defesa, Álvaro Castello-Branco, afirmou "estamos preocupados com todas as atitudes de Putin" porque "não está interessado em negociar a paz ou abrandar a sua ofensiva". "Retórica irresponsável" salientou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos após a revisão da doutrina nuclear da Rússia.
O Alto-Representante cessante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Josep Borrell, disse que esta não é a "primeira vez" que o presidente russo "apresenta a carta nuclear" e que é "uma decisão irresponsável".
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