"O texto foi formalmente apresentado" pouco antes da meia-noite de terça-feira em Viena, sede do organismo da ONU (23h00 em Lisboa), disse hoje uma fonte diplomática à agência de notícias France-Presse (AFP).
Uma segunda fonte, também não identificada, confirmou a apresentação da resolução esta manhã, aquando da abertura da reunião do conselho da AIEA.
O projeto de resolução, consultado pela AFP, "reafirma que é essencial e urgente" que o Irão forneça "respostas técnicas credíveis" relativamente à presença de vestígios de urânio em dois locais não declarados perto de Teerão: Turquzabad e Varamin.
Ainda antes da apresentação da resolução, o chefe da diplomacia iraniana, Abbas Araghchi, disse que "esta iniciativa (...) só irá complicar o problema" da questão nuclear.
O desejo de aumentar a pressão sobre o Irão está a prejudicar a "atmosfera positiva" das trocas entre Teerão e a AIEA, disse Araghchi, durante uma conversa telefónica com o homólogo francês, Jean-Noël Barrot, revelada hoje por Teerão.
O Irão assegura que o seu programa nuclear é exclusivamente pacífico, ao passo que o Ocidente argumenta que não existe uma justificação civil credível para a escala das ambições atómicas iranianas.
O Irão abrandou ligeiramente a produção de urânio com 60% de pureza - próximo do nível de uso militar de 90% -, mas continuou a acumulá-lo, tendo agora 182,3 quilos, indicou a AIEA.
Num relatório citado na terça-feira pela agência de notícias espanhola EFE, a AIEA refere que o abrandamento não parece ser acidental e sugere que o Irão iniciou os preparativos para parar o enriquecimento daquele material.
Contudo, a AIEA mostra-se preocupada com o facto de o Irão prosseguir o seu programa de produção de urânio altamente enriquecido e recorda que se trata do "único Estado não-detentor de armas nucleares a fazê-lo".
A produção de urânio purificado viola o acordo assinado em 2015 com seis potências mundiais (Estados Unidos, Reino Unido, China, França, Alemanha e Rússia) para reduzir o programa nuclear do Irão em troca do levantamento de determinadas sanções.
A República Islâmica começou a violar o acordo em 2019, em resposta à saída dos Estados Unidos do acordo no ano anterior, durante o primeiro mandato presidencial de Donald Trump (2017-2021).
O diretor da AIEA, Rafael Grossi, reuniu-se na semana passada pela primeira vez com o Governo saído das eleições realizadas no verão no Irão, país que tem dificultado a vigilância da AIEA do seu programa nuclear desde 2021.
De acordo com o Instituto para a Ciência e Segurança Internacional, o Irão tem atualmente a capacidade de enriquecer urânio para produzir uma arma nuclear num período de tempo muito curto.
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