Países europeus e EUA submetem resolução contra Irão junto da AIEA

Países europeus e os Estados Unidos apresentaram uma resolução ao Conselho de Governadores da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) a condenar a falta de cooperação do Irão sobre o seu programa nuclear.

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Lusa
20/11/2024 ‧ há 2 horas por Lusa

Mundo

AIEA

"O texto foi formalmente apresentado" pouco antes da meia-noite de terça-feira em Viena, sede do organismo da ONU (23h00 em Lisboa), disse hoje uma fonte diplomática à agência de notícias France-Presse (AFP).

 

Uma segunda fonte, também não identificada, confirmou a apresentação da resolução esta manhã, aquando da abertura da reunião do conselho da AIEA.

O projeto de resolução, consultado pela AFP, "reafirma que é essencial e urgente" que o Irão forneça "respostas técnicas credíveis" relativamente à presença de vestígios de urânio em dois locais não declarados perto de Teerão: Turquzabad e Varamin.

Ainda antes da apresentação da resolução, o chefe da diplomacia iraniana, Abbas Araghchi, disse que "esta iniciativa (...) só irá complicar o problema" da questão nuclear.

O desejo de aumentar a pressão sobre o Irão está a prejudicar a "atmosfera positiva" das trocas entre Teerão e a AIEA, disse Araghchi, durante uma conversa telefónica com o homólogo francês, Jean-Noël Barrot, revelada hoje por Teerão.

O Irão assegura que o seu programa nuclear é exclusivamente pacífico, ao passo que o Ocidente argumenta que não existe uma justificação civil credível para a escala das ambições atómicas iranianas.

O Irão abrandou ligeiramente a produção de urânio com 60% de pureza - próximo do nível de uso militar de 90% -, mas continuou a acumulá-lo, tendo agora 182,3 quilos, indicou a AIEA.

Num relatório citado na terça-feira pela agência de notícias espanhola EFE, a AIEA refere que o abrandamento não parece ser acidental e sugere que o Irão iniciou os preparativos para parar o enriquecimento daquele material.

Contudo, a AIEA mostra-se preocupada com o facto de o Irão prosseguir o seu programa de produção de urânio altamente enriquecido e recorda que se trata do "único Estado não-detentor de armas nucleares a fazê-lo".

A produção de urânio purificado viola o acordo assinado em 2015 com seis potências mundiais (Estados Unidos, Reino Unido, China, França, Alemanha e Rússia) para reduzir o programa nuclear do Irão em troca do levantamento de determinadas sanções.

A República Islâmica começou a violar o acordo em 2019, em resposta à saída dos Estados Unidos do acordo no ano anterior, durante o primeiro mandato presidencial de Donald Trump (2017-2021).

O diretor da AIEA, Rafael Grossi, reuniu-se na semana passada pela primeira vez com o Governo saído das eleições realizadas no verão no Irão, país que tem dificultado a vigilância da AIEA do seu programa nuclear desde 2021.

De acordo com o Instituto para a Ciência e Segurança Internacional, o Irão tem atualmente a capacidade de enriquecer urânio para produzir uma arma nuclear num período de tempo muito curto.

Leia Também: Embaixada dos EUA em Kyiv encerrada devido "potencial ataque aéreo"

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