O líder do governo interino informou o procurador do TPI, Karim A. Khan, numa reunião realizada na quarta-feira em Daca, indicou hoje o gabinete de Yunus num comunicado.
"O governo interino apresentará ao TPI acusações de crimes contra a humanidade contra o regime de Sheikh Hasina pelo massacre ocorrido durante a revolta coletiva de julho-agosto e por milhares de casos de desaparecimentos forçados durante os seus quase 16 anos no poder", disse Yunus a Khan, segundo o comunicado.
A "dama de ferro" do Bangladesh, que não é vista em público desde 05 de agosto, quando se viu obrigada a demitir-se e a abandonar o país, encontra-se em Nova Deli, onde recebeu proteção do governo do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.
Yunus, economista, empresário, político e líder da sociedade civil do Bangladesh, antiga vítima de saneamento institucional de Hasina e prémio Nobel da Paz 2006, assumiu o cargo de conselheiro principal do governo provisório escolhido pelos próprios manifestantes.
Desde a partida de Hasina, foram instaurados vários processos penais contra ela e a sua equipa, que incluem acusações de assassínio, tortura, sequestro, crimes contra a humanidade e genocídio. As autoridades revogaram o seu passaporte diplomático e emitiram um mandado de captura.
Muhammad Yunus tinha anteriormente dito que o governo estava a tentar obter o regresso de Hasina ao Bangladesh para ser detida ou, eventualmente, extraditada da Índia, embora, até agora, não exista qualquer pedido formal nesse sentido.
A crise que pôs fim ao longo governo de Hasina deflagrou em julho passado, com protestos inicialmente pacíficos de estudantes contra uma polémica política de quotas de emprego público para os veteranos da guerra de independência do Bangladesh de 1971, vistos como o núcleo duro dos apoiantes da primeira-ministra.
Os protestos intensificaram-se após uma violenta repressão por parte das forças de segurança, que causou a morte de mais de 500 pessoas, segundo estimativas independentes.
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