Em conferência de imprensa, em Maputo, no terceiro dia de uma semana de manifestações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, a polícia moçambicana indicou que uma conservatória de notariado e um edifício do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) foram vandalizados e destruídos com recurso a bombas de fabrico caseiro.
Os números apresentados pelo porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) Orlando Mudumane indicam que outras duas residências foram igualmente destruídas por manifestantes.
A polícia moçambicana denunciou igualmente um suposto plano do Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), que apoia a candidatura de Venâncio Mondlane, para atacar e vandalizar, sábado, unidades policiais e estabelecimentos penitenciários com o objetivo de se "apoderar do material bélico e retirar reclusos para engrossar os grupos que praticam ações subversivas".
"As Forças de Defesa e Segurança [FDS] alertam que tais premeditados ataques e vandalizações merecerão uma devida reação à medida dos factos e nos termos da lei", indicou Mudumane.
Pelo menos 88 pessoas morreram e 274 foram baleadas durante as manifestações e paralisações de contestação aos resultados eleitorais desde 21 de outubro, indicou hoje a organização não-governamental (ONG) Plataforma Eleitoral Decide.
De acordo com o relatório divulgado por aquela plataforma de monitorização eleitoral moçambicana, envolvendo outras ONG como o Centro de Integridade Pública (CIP), o Centro para a Democracia e Direitos Humanos (CDD) e a Amnistia Internacional, com dados até 04 de dezembro, há ainda registo de 3.450 detidos neste período.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou para uma nova fase de contestação eleitoral de uma semana, de 04 a 11 de dezembro, em "todos os bairros" de Moçambique, com paralisação da circulação automóvel das 08:00 às 16:00 (menos duas horas em Lisboa).
"Todos os bairros em atividade forte", disse Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados anunciados das eleições gerais de 09 de outubro.
O anúncio pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique, em 24 de outubro, dos resultados das eleições de 09 de outubro, em que atribuiu a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição para Presidente da República, com 70,67% dos votos, espoletou protestos populares, convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane e que têm degenerado em confrontos violentos com a polícia.
Segundo a CNE, Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este não reconhece os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.
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