"Penso que a presença do Hamas tem sido objeto de graves exageros, mas é necessário deixar claro até que ponto estavam [os combatentes] nestes centros médicos, ou mesmo se estavam lá, porque me parece que fomos enganados", afirmou Andrew Cayley, que comanda o processo aberto há três anos no TPI, citado num artigo publicado pelo jornal The Guardian.
Israel realizou dezenas de bombardeamentos e ataques a centros médicos na Faixa de Gaza sob o argumento de que as milícias do Hamas usavam estas instalações como quartéis e os seus pacientes como escudos humanos.
Neste momento, apenas metade dos hospitais do enclave estão "relativamente operacionais". Os restantes estão "destruídos ou incapazes de funcionar", de acordo com as últimas avaliações da Organização Mundial de Saúde (OMS).
O jornal britânico publicou hoje que o investigador do TPI questionou seriamente a posição israelita durante um evento organizado na semana passada em Haia, no qual reconheceu que a investigação "está a passar por enormes dificuldades" na avaliação do nível de presença do Hamas, porque "é claro que alguém está a mentir aqui e devemos chegar ao fundo desta questão".
O TPI depende fundamentalmente da utilização de imagens de satélite "excecionalmente boas" que mostram "a destruição diária destes hospitais", mas Cayley argumentou que faltam as "imagens que demonstrem se estas instalações estão a ser utilizadas para o fim a que se destinam ou para uso de combates", um crime contra o direito internacional humanitário.
O investigador indicou que a utilização de centros médicos como arma de guerra é apenas mais uma faceta do caso aberto em 2021 e espera ter mais informações sobre o assunto à medida que este avance no próximo ano.
"Temos de abordar o caso de forma faseada porque não temos recursos para mais nada", argumentou o advogado britânico e antigo procurador-chefe militar do Reino Unido.
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