A ABC News perdeu um processo de difamação frente ao presidente norte-americano eleito, Donald Trump, e terá de pagar 15 milhões de dólares (14 milhões de euros) que, segundo o acordo alcançado entre ambas as partes, se destinarão a uma "fundação e museu presidencial".
O acordo, apresentado publicamente este sábado, revela que o canal de televisão norte-americano terá também de pagar um milhão de dólares (950 mil euros) para despesas de Trump com advogados e emitir um pedido de desculpas.
A ABC News terá ainda de publicar, como nota do editor no artigo online que está no centro do processo, que o canal e o jornalista George Stephanopoulos "lamentam as declarações relativas ao presidente Donald J. Trump feitas durante uma entrevista de George Stephanopoulos com a deputada Nancy Mace no programa This Week, da ABC, a 10 de março de 2024".
"Estamos satisfeito por as partes terem chegado a um acordo para encerrar o processo judicial", escreveu a ABC News num comunicado.
Trump avançou com o processo num tribunal federal da Florida, no início de 2024, alegando que George Stephanopoulos e a ABC News o difamaram quando o jornalista disse dez vezes, durante uma entrevista com a deputada do Partido Republicano da Carolina do Sul, que um júri considerou que o presidente norte-americano eleito tinha "violado" E. Jean Carroll.
No ano passado, Trump foi considerado culpado de agredir sexualmente e difamar Carroll e foi condenado a pagar-lhe cinco milhões de dólares (4,76 milhões de euros). Em janeiro, foi considerado culpado de outras acusações de difamação e condenado a pagar a Carroll 83,3 milhões de dólares (79,3 milhões de euros). Trump apresentou recurso de ambos os veredictos.
Nenhum dos veredictos envolveu a constatação de violação, tal como definida na lei do Estado federado de Nova Iorque.
O juiz de ambos os casos, Lewis Kaplan, afirmou que a conclusão do júri foi que Carroll não conseguiu provar que Trump a violou "no sentido rigoroso e técnico de uma secção específica do Código Penal de Nova Iorque". Kaplan sublinhou que a definição de violação ali utilizada é "muito mais restrita" do que a definição de violação utilizada na linguagem moderna comum, em alguns dicionários, em alguns estatutos penais federais e estaduais e noutra legislação.
O juiz declarou que o veredicto não significa que Carroll "não conseguiu provar que o senhor Trump a tinha 'violado', tal como muitas pessoas entendem normalmente o termo 'violação'. De facto, o júri considerou que o senhor Trump fez exatamente isso".
Donald Trump tem um historial de processos judiciais contra meios de comunicação social. Ainda no final do último mês de outubro interpôs uma ação judicial contra a CBS, exigindo uma indemnização de dez mil milhões de dólares (nove mil milhões de euros) por causa da entrevista do programa 60 Minutes com a vice-presidente Kamala Harris.
Para Trump, esta entrevista com Harris e a programação a ela associada foram "atos partidários e ilegais de interferência eleitoral" destinados a "enganar o público e a tentar fazer pender a balança" eleitoral a favor de Harris.
Leia Também: China pode usar tensões transatlânticas com Trump para "seduzir" Europa