"Penso que é uma grande oportunidade para Espanha e para a União Europeia e uma grande oportunidade dentro do setor agroalimentar", disse Luis Planas, numa entrevista à televisão Castilla-La Mancha Media, depois de manifestar o "respeito mais absoluto" pelos protestos.
O ministro destacou que o acordo com os países do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) abre a oportunidade de exportar produtos agrícolas e de pecuária para um mercado novo de mais de 260 milhões de pessoas.
Por outro lado, acrescentou, o acordo blinda 200 denominações protegidas europeias de produtos agroalimentares e estão previstos "contingentes muito pequenos" de importações de carne, açúcar ou arroz, que "não vão alterar o mercado comum comunitário".
"Além disso, há cláusulas de salvaguarda para o caso de haver alguma disrupção do mercado comunitário e uma alteração de preços. Um travão de mão que podemos usar se for necessário", afirmou o ministro, que referiu ainda a possibilidade de a União Europeia (UE) criar um fundo de compensação para a eventualidade de impactos negativos em algum setor.
Luis Planas descartou a possibilidade de os protestos contra o acordo com o Mercosul por parte de agricultores espanhóis e de outros países da UE assumirem a dimensão que tiveram na primeira metade deste ano.
Para o ministro espanhol, há hoje "um contexto totalmente diferente do inverno e primavera passadas", após os ajustes à Política Agrícola Comum (PAC) que foram assumidos e que estão a ser adotados, com vista, sobretudo, à simplificação de procedimentos.
Luis Planas destacou, por outro lado, que as perspetivas para o setor são melhores este ano, porque choveu, a seca foi paliada e preveem-se colheitas mais positivas.
Para o ministro, a questão do acordo com o Mercosul é uma preocupação de origem essencialmente francesa que não deverá alastrar com dimensão a outros países.
Cerca de 1.500 agricultores, segundo a polícia, e mais de 5.000, segundo associações do setor, manifestaram-se hoje em Madrid contra "a concorrência desleal" do acordo de comércio entre a UE e o Mercosul.
"Se alguma coisa, neste momento, constitui uma verdadeira ameaça para o nosso setor é a proliferação de acordos de livre comércio da UE com países terceiros", consideraram duas das maiores associações de agricultores de Espanha, a COAG e a ASAJA, no comunicado conjunto com que convocaram o protesto de hoje em Madrid, que teve ainda o apoio das Cooperativas Agroalimentares espanholas.
Para estas associações e confederações, as importações de produtos agrícolas dos países do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai), do Chile, de Marrocos ou da Nova Zelândia, com preços inferiores aos custos de produção na União Europeia "e sem cumprirem as regras que imperam para as produções comunitárias têm um impacto grave nos agricultores espanhóis e europeus e provocam perdas incomportáveis e o encerramento de explorações".
O acordo de comércio entre a UE e o Mercosul foi selado em 06 de dezembro em Montevideu e espera agora a ratificação por todas as partes.
Espanha é o primeiro exportador da UE de frutas e legumes.
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