Restos do mais antigo antepassado dos mamíferos descobertos em Maiorca

Investigadores encontraram restos do que poderá ser o mais antigo antepassado dos mamíferos em escavações em Maiorca, uma das ilhas Baleares de Espanha, revelou hoje o Instituto Catalão de Paleontologia (ICP) Miquel Crusafont.

Notícia

© Anna Solé / Institut Català de Paleontologia Miquel Crusafont)

Lusa
17/12/2024 10:22 ‧ há 2 horas por Lusa

Mundo

Maiorxa

provavelmente o gorgonopsiano mais antigo do planeta. Aquele que encontrámos em Maiorca tem pelo menos 270 milhões de anos e os restantes registos deste grupo em todo o mundo são no mínimo um pouco mais jovens", salienta Josep Fortuny, líder do grupo de investigação de Biomecânica Computacional e Evolução da História de Vida do ICP e autor sénior do artigo científico sobre a descoberta, divulgado na revista Nature Communications, citado num comunicado da instituição.

 

Segundo o ICP, os gorgonopsianos pertencem à linhagem evolutiva que daria origem aos primeiros mamíferos 50 milhões de anos mais tarde e viveram durante o período Pérmico, entre há 270 e 250 milhões de anos. Foram os primeiros animais a desenvolver os dentes de sabre característicos dos predadores e eram muitas vezes os superpredadores dos ecossistemas em que viviam.

Os restos foram encontrados num sítio no município de Banyalbufar, na Serra de Tramuntana, em Maiorca, e pertencem a um animal de pequeno a médio porte, com cerca de um metro de comprimento.

"O grande número de restos ósseos é surpreendente. Encontrámos de tudo, desde fragmentos de crânio, vértebras e costelas, até um fémur muito bem preservado. Na verdade, quando iniciámos esta escavação, nunca pensámos que iríamos encontrar tantos restos de um animal deste tipo em Maiorca", explica Rafel Matamales, conservador do Museu Balear de Ciências Naturais (MBCN), investigador associado do ICP e primeiro autor do artigo.

A idade do espécime encontrado surpreendeu os investigadores, mas a sua localização "é um facto invulgar por si só", refere o ICP, assinalando que os restos de gorgonopsianos conhecidos antes desta descoberta "pertenciam a latitudes muito elevadas, como a Rússia ou a África do Sul".

A perna "quase completa" recuperada permitiu estudar o modo como o animal se movia. "Os gorgonopsianos tinham as pernas posicionadas de forma mais vertical e, por isso, movimentavam-se de forma intermédia entre os répteis e os mamíferos", o que é "mais eficiente para caminhar e principalmente para correr".

Os dentes de sabre encontrados "confirmam a sua dieta".

"Sabemos que se trata de um animal carnívoro, característica partilhada por todos os gorgonopsianos do mundo. Os dentes de sabre são uma característica comum nos grandes predadores dos ecossistemas e o que encontrámos terá sido provavelmente um deles no ambiente em que vivia", sublinha Àngel Galobart, investigador do ICP e diretor do Museu de la Conca Dellà.

Durante o período do Pérmico, indica o ICP, Maiorca não era uma ilha, fazendo parte do supercontinente Pangeia. "Situava-se numa latitude equatorial, onde hoje se encontram países como o Congo ou a Guiné" e o seu "clima era de monção, alternando entre estações chuvosas e muito secas".

O local onde os fósseis foram encontrados era uma planície de inundação com lagoas temporárias onde bebiam gorgonopsianos e outra fauna, entre a qual "os captorrinídeos 'moradisaurinos', um antigo grupo de répteis herbívoros ao qual pertence o 'Tramuntanasaurus tiai', que podem ter feito parte da dieta" dos gorgonopsianos.

Segundo o comunicado, "apesar da pequena área que ocupam, as Ilhas Baleares possuem um registo fóssil excecional" e "os fósseis mais estudados e conhecidos são do Plistoceno (entre 2,5 milhões e 11.700 anos) e do Holoceno (período iniciado e há cerca de 11.600 anos)".

O registo de outros períodos é bastante menos conhecido, embora tenham sido "encontrados fósseis notáveis, como o mosquito mais antigo do mundo, quase mil espécies de amonóides (cefalópodes aparentados com lulas), antepassados de cavalos e hipopótamos, tubarões gigantes e grandes recifes de coral".

Além de Matamales, Fortuny e Galobart, colaboraram no estudo Eudald Mujal, investigador do Museu de História Natural de Estugarda (Alemanha), Tiago Simões, da Universidade de Princeton (Estados Unidos), Christian Kammerer, do Museu de Ciências Naturais da Carolina do Norte (EUA) e Kenneth Angielczyk, do Museu Field de História Natural de Chicago (EUA).

Leia Também: 'Gruta de Santana'. Nova cavidade vulcânica descoberta na ilha do Pico

Partilhe a notícia

Produto do ano 2024

Descarregue a nossa App gratuita

Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas