Moçambique. Cerca de 231 mil famílias em insegurança alimentar no centro

Cerca de 231 mil famílias, na província de Tete, no centro de Moçambique, enfrentam insegurança alimentar devido aos impactos do fenómeno climático El Niño, disse a diretora provincial da Agricultura e Pescas em Tete.

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Lusa
17/12/2024 14:54 ‧ há 7 horas por Lusa

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Moçambique

"Nós perdemos cerca de 257.754 hectares e estes afetaram em torno de 231.920 famílias, que ficaram com áreas perdidas ao longo desta campanha agrária", disse Odete Naftal, citada hoje pela comunicação social.

 

Segundo a representante, a situação que afetou oito distritos da província é causada pela "seca e estiagem prolongada", o que contribuiu para a pouca produção agrícola este ano.

"Embora tenhamos lançado a campanha agrária 2024/2025, ainda não temos chuva senão no planalto, a zona sul [da província] ainda não verifica chuvas", explicou.

A diretora disse ainda que já foram doados insumos agrícolas, sementes, pesticidas e fertilizantes às famílias afetadas.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) estimou recentemente que cerca de 4,8 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária em Moçambique, sendo necessários 64 milhões de dólares (60,6 milhões de euros) para responder às necessidades.

"As múltiplas crises afetando atualmente Moçambique - conflito, seca e emergências de saúde pública - estão a sobrecarregar os recursos humanitários. Cerca de 4,8 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária (10% de pessoas com deficiência), incluindo 3,4 milhões de crianças", lê-se num comunicado da Unicef.

Em setembro, a Organização das Nações Unidas (ONU) avançou que perto de dois milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária no país.

"Neste ano, Moçambique foi afetado pela seca induzida pelo fenómeno El Niño, durante a época 2023-2024. Estima-se que cerca de 1,8 milhões de pessoas possam enfrentar insegurança alimentar entre outubro próximo e março de 2025. Face a esta situação, a necessidade de assistência humanitária para as comunidades afetadas tem estado a aumentar, sobretudo nas regiões centro e sul de Moçambique", explicou a organização.

Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas globais, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.

O El Niño é uma alteração da dinâmica atmosférica causada por um aumento da temperatura oceânica. Este fenómeno meteorológico está também a provocar chuvas torrenciais na África oriental, que já causaram centenas de mortos em vários países, como Quénia, Burundi, Tanzânia, Somália e Etiópia.

Leia Também: Novo balanço aponta para 34 mortos devido ao ciclone Chido em Moçambique

 

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