Ativista finalista do prémio Sakharov impedido de intervir no PE

O ativista anticorrupção azeri Gubad Ibadoghlu, finalista do prémio Sakharov, foi hoje impedido de participar de forma remota numa iniciativa do Parlamento Europeu, denunciou a filha, que disse não conseguir contactar o pai, em detenção domiciliária no Azerbaijão.

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Lusa
17/12/2024 17:39 ‧ há 5 horas por Lusa

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Parlamento Europeu

"O que sabemos é que os serviços secretos contactaram familiares nossos e disseram que, se ele participasse remotamente, haveria consequências", afirmou, em declarações à Lusa, Zahla Bayramova, filha do académico e ativista, detido há mais de um ano.

 

Gubad Ibadoghlu é um dos três finalistas do Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento 2024, entregue hoje pelo Parlamento Europeu, juntamente com duas organizações não-governamentais israelita e palestiniana, e a líder da oposição na Venezuela María Corina Machado e o candidato presidencial Edmundo González Urrutia, que foram os vencedores da distinção.

O Parlamento Europeu promoveu hoje de manhã, em Estrasburgo, um seminário com os finalistas do prémio Sakharov, no qual Gubad Ibadoghlu deveria ter participado de forma remota, mas sem sucesso. A sua filha e o ativista pelos direitos humanos Samad Rahimli intervieram na sessão, onde denunciaram a repressão contra ativistas exercida pelo regime liderado pelo Presidente Ilham Aliyev.

"Não lhe ligaram a ele, ligaram a familiares, então eles tentam ameaçar os nossos familiares também. Isso é bastante comum no Azerbaijão, eles não se focam apenas na pessoa, mas também se focam em todas as pessoas à volta", disse Zahla Bayramova à Lusa, acrescentando: "Esta repressão não é só sobre uma pessoa, mas vai afetar toda a gente à volta".

Desde a sua detenção, juntamente com a sua mulher, em julho de 2023, o ativista esteve "sujeito a maus-tratos severos", segundo o Parlamento Europeu. Mais tarde foi transferido para prisão domiciliária, tendo-lhe sido confiscados os seus documentos.

O ativista está sem acesso a tratamento médico para um aneurisma da aorta que ameaça a sua vida, refere ainda o Parlamento Europeu, sobre este finalista do prémio Sakharov.

"Não conseguimos contactá-lo. Pensamos que ele ou não tem internet ou o seu telefone foi obstruído", afirmou a filha, afirmando que "eles [as autoridades azeris] não querem que ele fale no Parlamento Europeu porque sabem que ele vai denunciar o petróleo e gás e como o Azerbaijão compra estas matérias-primas à Rússia para revender à Europa, contornando as sanções europeias" impostas a Moscovo após a invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022.

Zahla Bayramova, também ativista pelos direitos humanos, denunciou que "toda a gente sabe, no Parlamento Europeu, não é um segredo, mas nada é feito, não há consequências".

"O Azerbaijão está a substituir a Rússia, não substituindo a Rússia, de certa forma", criticou.

"O meu pai está a investigar isto há anos e sabe muito mais do que eu, ele pode falar muito mais e responder às perguntas. Eles não querem que ele faça isso", comentou.

Durante a cerimónia de entrega do galardão, a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, apelou hoje às autoridades azeris para que retirem todas as acusações contra o ativista Gubad Ibadoghlu, detido "de forma arbitrária e injusta" há mais de um ano, levantem a proibição de viajar e lhe permitam receber "os cuidados [de saúde] de que necessita urgentemente".

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