Os apoiantes da adesão da Geórgia à União Europeia (UE) têm-se mobilizado todas as noites, desde o final de novembro, em Tbilissi e noutras cidades, para protestar contra o partido no poder, o Georgian Dream.
Os manifestantes fizeram marchas em cerca de dez locais da capital, antes de vários milhares se reunirem em frente ao parlamento pela vigésima noite consecutiva.
No entanto, a escala das manifestações diminuiu ao longo da última semana e os confrontos com a polícia que marcaram as primeiras manifestações já não se verificam.
Tal como nas outras noites, os manifestantes entoaram palavras de ordem exigindo a demissão do governo e a realização de novas eleições legislativas, depois das que foram contestadas pela oposição em 26 de outubro.
Muitos dos participantes estavam igualmente indignados com as declarações do Primeiro-Ministro Irakli Kobakhidzé, que ameaçou "erradicar" os partidos da oposição e afirmou que os seus críticos tinham "falhado" na organização de uma revolução, que alegou ser financiada pelo estrangeiro.
"O Sr. Kobakhidzé está a tentar levantar o moral dos seus apoiantes, apresentando as nossas manifestações como um fracasso", disse Lali Korintheli, uma estudante de 18 anos, enrolada numa bandeira da União Europeia.
"Se ele quer brincar à guerra de nervos, que seja. Há vinte dias que nos reunimos todos os dias, apesar da violência policial, e não vamos deixar que isso nos aconteça", acrescentou.
"Vamos ver quem é que sai vencedor", concordou a sua amiga Gigi Gardapkhadzé, de 19 anos.
As primeiras manifestações pró-UE foram dispersas pela polícia com canhões de água e gás lacrimogéneo, tendo sido detidas mais de 400 pessoas, incluindo opositores. Os manifestantes também lançaram fogo de artifício e pedras contra a polícia, ferindo dezenas de agentes.
A Presidente cessante da Geórgia garantiu ao líder do Conselho Europeu, António Costa, que "a única saída pacífica da crise" no país é realizar novas eleições.
"Esta noite falei com Costa sobre os últimos acontecimentos na Geórgia. Salientei que a única saída pacífica para a crise é política: através de novas eleições! Costa garantiu-me que a UE continuará a apoiar o povo georgiano e o seu futuro europeu", afirmou Salome Zurabishvili, na rede social X, no domingo.
Na sexta-feira, o político leal ao governo Mikhail Kavelashvili foi eleito Presidente da Geórgia, durante uma votação no parlamento que foi boicotada pela oposição, indicou a Comissão Eleitoral Central da república caucasiana.
Único candidato, Kavelashvili tornou-se no sexto Presidente na história da Geórgia desde a independência da União Soviética em 1991.
As autoridades modificaram o mecanismo de eleição do Presidente, que pela primeira vez não resultou de sufrágio universal, mas de uma votação colegial de 150 deputados e 150 delegados municipais.
O Governo tinha todas as hipóteses de ganhar, uma vez que domina o parlamento nacional e as assembleias locais. Para ser eleito, Kavelashvili precisava de 200 votos.
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