Este mecanismo "foi ativado em 17 de dezembro e muitos parceiros fizeram ofertas que estamos a analisar", disse o porta-voz Christophe Lemoine.
O pedido feito pela França é de 10 mil tendas e alojamentos de emergência para acolher as famílias afetadas pela catástrofe neste arquipélago francês do oceano Índico, disse outra fonte diplomática.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, visitou hoje Mayotte onde testemunhou a devastação e disse que pretende "reconstruir" com novos "critérios".
Macron deslocou-se num helicóptero para fazer uma avaliação aérea dos estragos e depois dirigiu-se ao hospital de Mamoudzou, capital de Mayotte, para se encontrar com o pessoal médico e os doentes, onde ouviu os pedidos de ajuda das pessoas.
Um membro do pessoal médico disse-lhe que algumas pessoas não bebiam água há 48 horas.
"Estamos todos numa situação de insegurança, psicologicamente mal, desculpem", disse uma funcionária do serviço de psicologia do hospital, limpando as lágrimas dos olhos e pedindo desculpa por não conseguirem fazer o seu trabalho que é ajudar, enquanto o Presidente colocava a mão no seu ombro.
Macron disse que, para além das pessoas e meios de ajuda que vieram no avião que o transportou, vão chegar mais prestadores de cuidados e que será criado um hospital de campanha na sexta-feira.
O Presidente francês anunciou um dia de luto nacional na segunda-feira, 23 de dezembro.
Ainda no aeroporto, Macron foi interpelado por uma agente de segurança, Assane Haloi, que lhe disse que "Mayotte está destruída".
A agente de segurança acrescentou que os membros da sua família, incluindo crianças pequenas, não têm água nem eletricidade e não têm para onde ir, depois de o ciclone Chido, o mais forte em quase um século, ter fustigado o território francês no sábado.
"Não há teto, não há nada. Não há água, não há comida, não há eletricidade. Nem sequer nos podemos abrigar, estamos todos molhados, com os nossos filhos a cobrirem-se com o que temos para podermos dormir", disse.
Nas declarações que fez à imprensa, além de defender a reconstrução com "novos critérios", Macron apelou à "intensificação da luta contra a imigração ilegal" neste arquipélago.
"Todos têm de aceitar que, em termos de competências e de regras, as coisas têm de mudar", afirmou, defendendo o reforço da luta contra a imigração clandestina: "Ao mesmo tempo que, obviamente, restabelecemos escolas, reconstruímos habitações, reconstruímos hospitais", acrescentou.
Relativamente ao número de mortos provocado pelo Chido, Macron reconheceu que muitos dos óbitos não foram registados e acrescentou que os serviços telefónicos serão reparados "nos próximos dias" para que as pessoas possam comunicar os desaparecimentos.
As autoridades francesas divulgaram que pelo menos 31 pessoas morreram e mais de 1.500 ficaram feridas, mais de 200 em estado crítico, mas receia-se que centenas ou mesmo milhares de pessoas tenham morrido.
Macron disse que iria passar a noite em Mayotte e visitaria na sexta-feira de manhã uma zona de bairros de lata gravemente afetada pelo ciclone.
O gabinete de Macron anunciou que quatro toneladas de alimentos e ajuda médica, bem como mais socorristas, estavam a bordo do voo do Presidente.
Um navio da marinha chegou hoje de manhã a Mayotte com 180 toneladas de ajuda e equipamento.
Mayotte, situado no oceano Índico, entre a costa oriental de África continental e o norte de Madagáscar, é o território mais pobre de França.
O ciclone devastou bairros inteiros, do arquipélago tem mais de 320 mil habitantes, segundo o Governo francês.
A maioria dos residentes é muçulmana e as autoridades francesas estimam que vivam ali mais 100 mil imigrantes.
Mayotte é a única parte do arquipélago das Comores que votou a favor de continuar a fazer parte de França num referendo realizado em 1974.
Na última década, o território francês registou uma chegada maciça de migrantes das ilhas vizinhas - a nação independente das Comores, um dos países mais pobres do mundo.
Outros migrantes vêm de países tão distantes como a Somália, com a esperança, para alguns, de poderem chegar ao continente europeu.
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