Pelo menos 80.000 civis procuraram asilo no Sudão do Sul em três semanas

Pelo menos 80.000 civis procuraram asilo no Sudão do Sul, no espaço de três semanas, devido à escalada do conflito em estados do sudeste do vizinho Sudão, comunicou hoje o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

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© AFP via Getty Images

Lusa
20/12/2024 15:11 ‧ há 5 horas por Lusa

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Sudão

"O número de chegadas ao Sudão do Sul está a sobrecarregar os serviços fronteiriços e o financiamento à ajuda humanitária continua insuficiente", indicou o ACNUR.

 

"Em menos de três semanas, mais de 80.000 pessoas procuraram segurança no Sudão do Sul na sequência da escalada dos combates nos estados sudaneses do Nilo Branco, Sennar e Nilo Azul", indicou o ACNUR, que frisou que este número de refugiados triplicou em comparação às semanas anteriores.

A maioria são mulheres e crianças com necessidades críticas, que chegam principalmente através de pontos de passagem fronteiriços remotos e de difícil acesso e se instalam em pequenas aldeias fronteiriças, indicou.

"Os que fogem da mais recente vaga de violência no Sudão não são apenas sudaneses, mas também refugiados do Sudão do Sul que viviam anteriormente no estado sudanês do Nilo Branco, que se encontrava relativamente seguro desde o início do conflito", explicou.

Os refugiados e os sul-sudaneses que regressaram estão a viver em abrigos improvisados e alguns estão a abrigar-se debaixo de árvores, lamentou.

No entanto, apesar das condições desumanas que enfrentaram, muitos dizem esperar que a situação acalme para que possam regressar a casa.

"As primeiras avaliações feitas em Joda, o principal posto fronteiriço entre o Sudão e o Sudão do Sul, revelam que as taxas de desnutrição excedem o limiar de emergência", advertiu.

Segundo o ACNUR, as reservas alimentares estão extremamente baixas, o que agrava a situação nutricional, em especial no caso das crianças com menos de cinco anos e das mulheres grávidas e lactantes.

"A falta de água potável e a insuficiência de latrinas e de instalações sanitárias estão também a agravar a situação, representando um risco real de propagação da cólera e de outras doenças mortais. As instalações de saúde locais são limitadas, estão sobrecarregadas ou não funcionam", lamentou.

Há também uma grande necessidade de apoio e serviços psicossociais, uma vez que as pessoas que fogem relatam experiências traumáticas, incluindo bombardeamentos aéreos e testemunhos de assassínios em massa, aconselhou.

Apesar dos esforços para apoiar este afluxo súbito, a resposta humanitária continua a ser lamentavelmente subfinanciada, tendo os parceiros de auxílio ao Sudão do Sul recebido apenas 24% do que é necessário para satisfazer adequadamente as necessidades das pessoas este ano, lamentou.

O ACNUR, juntamente com 48 parceiros, precisará de 468 milhões de dólares (cerca de 450 milhões de euros) em 2025 para apoiar os refugiados e as comunidades de acolhimento.

Cerca de um milhão de pessoas chegaram ao Sudão do Sul desde o início do conflito entre o exército, liderado por Abdel Fattah al-Burhane, e o seu antigo adjunto Mohamed Hamdan Daglo, chefe das Forças de Apoio Rápido, em 15 abril de 2023.

Os combates já causaram dezenas de milhares de mortos e mais de 11 milhões de deslocados. Cerca de 26 milhões de pessoas enfrentam já uma grave insegurança alimentar, segundo a ONU.

Leia Também: Mais de mil civis detidos arbitrariamente no Sudão do Sul em 17 meses

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