Síria: Queda de Assad fez retroceder o projeto do Irão, diz líder rebelde

O líder do movimento islamita Organização de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al Sham ou HTS) afirmou hoje que a queda do ex-presidente Bashar al-Assad na Síria "fez retroceder em 40 anos o projeto do Irão na região".

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© Bekir Kasim/Anadolu via Getty Images

Lusa
20/12/2024 15:31 ‧ há 5 horas por Lusa

Mundo

Síria

"Ao retirar as milícias iranianas e encerrar a Síria à influência do Irão, beneficiámos os interesses da região", afirmou Ahmed al-Charaa, numa entrevista ao jornal saudita Asharq al-Awsat.

 

O líder do HTS declarou que a ofensiva dos 'jihadistas' e rebeldes "conseguiu o que a diplomacia e a pressão estrangeira não conseguiram e com perdas mínimas".

Assim, Al-Charaa afirmou que "a Síria havia se transformado uma plataforma para o Irão controlar as principais capitais árabes, para espalhar a guerra e desestabilizar o Golfo [Pérsico] com drogas como o captagon [um tipo de anfetamina]", garantindo ainda que a revolução síria terminou com a queda de Al-Assad.

O líder rebelde criticou os esforços internacionais para restaurar os laços com o antigo regime de Al-Assad, incluindo a sua reintegração na Liga Árabe, afirmando ainda que a fuga do ex-Presidente sírio para a Rússia tornou o Golfo mais seguro e estável.

O agora "homem forte" da Síria declarou que as novas autoridades interinas estão focadas na construção de um Estado.

"A Síria está cansada de guerras e de ser usada para as agendas de outras pessoas. Queremos restaurar a confiança e reconstruir o nosso país como parte do mundo árabe", acrescentou.

Al-Charaa, também conhecido pelo nome de guerra Abu Mohammed al-Jolani, declarou que Damasco quer alcançar progressos semelhantes aos dos países do Golfo Pérsico, usando a Arábia Saudita como exemplo, e defendeu que existem muitas oportunidades de cooperação, especialmente ao nível económico e de desenvolvimento.

O líder do HTS manteve também a sua posição favorável ao respeito pela diversidade étnica e religiosa na Síria, quando há receios de possíveis represálias e discriminação devido às visões fundamentalistas do grupo, afirmando que o objetivo é alcançar uma nova Constituição e garantir um sistema inclusivo.

"A Síria é diversa e é natural que existam opiniões diferentes. Estas diferenças são saudáveis", sublinhou, antes de aprofundar o facto de a vitória dos rebeldes é para toda a população.

"Mesmo aqueles que eram leais ao antigo regime expressaram a sua alegria, pois antes não podiam expressar livremente os seus sentimentos", disse.

"O meu objetivo é conseguir um acordo abrangente e construir um país em que o estado de direito ajude a resolver diferenças", reiterou Al-Charaa, denunciando os crimes das autoridades do regime de Al-Assad, incluindo "assassínios, desaparecimentos forçados, tortura e ataques com armas químicas.

Por esta razão, afirmou que optou por fazer justiça e não se vingar contra os antigos autores destes abusos.

"Os seus nomes são conhecidos e devem ser perseguidos", disse o líder do HTS, revelando que será criado um ministério para pessoas desaparecidas com o objetivo de esclarecer o paradeiro de muitas vítimas e fornecer documentação aos seus familiares.

Lançada a 27 de novembro na Síria, e perante a retirada do Exército, apoiado pela Rússia e pelo Irão, uma ofensiva relâmpago dos movimentos rebeldes derrubou em 12 dias o regime de Al-Assad, há 24 anos no poder na Síria, obrigando-o a abandonar o país com a família a 08 de dezembro e a pedir asilo político na Rússia.

O reacendimento do conflito fez-se com esta ofensiva que partiu da cidade de Idlib, um bastião da oposição, em que os rebeldes conseguiram expulsar em poucos dias o Exército de Bashar al-Assad, apoiado pela Rússia e pelo Irão, das capitais provinciais de Alepo, Hama e Homs.

Abriram depois caminho para Damasco, a capital do país, e puseram fim ao regime do clã Assad, iniciado em 1971, ano em que o pai de Bashar, Hafez al-Assad, tomou o poder através de um golpe de Estado.

Leia Também: Presidente turco pede levantamento das sanções internacionais à Síria

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