Autoridades sírias criam Conselho de Segurança Nacional após violência

O Presidente interino sírio, Ahmad al-Charaa, vai chefiar um novo Conselho de Segurança Nacional, anunciaram hoje as autoridades após os mais graves confrontos no país desde que tomaram o poder, que deixaram perto de 1.400 civis mortos.

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Lusa
12/03/2025 23:05 ‧ há 5 horas por Lusa

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Síria

Num decreto publicado na sua conta oficial do Telegram, a Presidência síria anunciou que al-Charaa tinha decidido formar o Conselho Nacional de Segurança, que será responsável pela "coordenação e gestão das políticas de segurança".

 

O decreto especifica que a formação do conselho surge "num esforço para reforçar a segurança nacional e responder aos desafios políticos e de segurança".

O Presidente encabeçará este órgão, que inclui os ministros dos Negócios Estrangeiros, do Interior e da Defesa, o diretor dos Serviços Gerais de Informações bem como dois lugares consultivos nomeados pelo chefe de Estado e ainda um lugar de perito, de acordo com o decreto.

As reuniões do Conselho realizar-se-ão "periodicamente" e "as decisões relativas à segurança nacional e aos desafios que o Estado enfrenta serão implementadas em consulta com os membros", segundo a mesma fonte.

A Síria vive um novo ciclo histórico após quase 14 anos de guerra civil, na sequência de uma operação militar relâmpago que depôs em 08 de dezembro de 2024 o regime de Bashar al-Assad, atualmente exilado na Rússia.  

A ofensiva foi realizada por uma coligação de grupos armados rebeldes, liderada pela Organização para a Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham, HTS), de al-Charaa.   

No final de fevereiro, a União Europeia anunciou a suspensão das sanções contra os principais sectores económicos do país, a fim de ajudar à reconstrução e apoiar a transição.  

A violência no oeste e centro da Síria dos últimos dias causou a morte de pelo menos 1.383 civis, indicou hoje um novo balanço provisório divulgado pelo Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

"O número de mortos ainda está a ser contabilizado", disse o OSDH, uma organização com sede em Londres que possui uma vasta rede de informadores na Síria e que tem reportado a guerra civil no país.

As mortes ocorreram principalmente nos dias 07 e 08 de março, no reduto da minoria alauita, o ramo do Islão xiita a que pertence o clã do ex-presidente Bashar al-Assad, deposto em dezembro de 2024.

Os atos de violência opuseram as forças de segurança sírias a grupos fiéis a Assad e são os mais graves desde a chegada ao poder de uma coligação liderada pelo grupo radical islâmico sunita HTS.

Segundo o OSDH, os civis, na grande maioria alauitas, foram mortos pelas "forças de segurança e grupos afiliados", principalmente nas províncias de Latakia e Tartus.

Numa tentativa de acalmar a situação, a Presidência síria anunciou no domingo a formação de uma comissão de inquérito independente sobre "abusos contra civis", com o objetivo de identificar os responsáveis e levá-los à justiça.

A comissão tem 30 dias para recolher provas, examiná-las e apresentar um relatório.

O Presidente Ahmad al-Charaa anunciou na segunda-feira um acordo com o líder Forças Democráticas Sírias (FDS), Mazloum Abdi, prevendo que todas as instituições civis e militares pertencentes à administração autónoma curda sejam em breve integradas no Estado sírio.

O entendimento abrange "a integração de todas as instituições civis e militares do nordeste da Síria na administração do Estado sírio, incluindo as passagens fronteiriças, o aeroporto e os campos de petróleo e gás", segundo anunciou a Presidência.

Reconhece ainda que a comunidade curda é parte integrante do Estado sírio e garante os seus direitos constitucionais, no pressuposto da integração das instituições civis e militares curdas na administração do país.

Leia Também: Líder curdo diz que acordo é "oportunidade para construir uma nova Síria"

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