O Ministério Público sueco disse não ter sido autorizado pela China a efetuar a sua investigação a bordo do cargueiro chinês suspeito de estar envolvido na rutura dos cabos. O navio já saiu do Estreito de Kattegat, entre a Suécia e a Dinamarca, informou hoje a ministra dos Negócios Estrangeiros sueca.
"O nosso pedido para que o Ministério Público e a polícia sueca (...) tomem medidas no âmbito da investigação preliminar a bordo [do Yi Peng 3] mantém-se inalterado", afirmou Maria Malmer Stenergard, citada pela agência France Presse.
Na quinta-feira, a polícia sueca e a Autoridade Sueca de Investigação de Acidentes (SHK) tinham sido autorizadas a entrar a bordo do Yi Peng 3 para assistir, na qualidade de "observadores", a uma inspeção efetuada por representantes das autoridades chinesas.
A polícia sueca especificou que não seria efetuada qualquer investigação a bordo e que estas operações não faziam parte do inquérito judicial sueco.
"Ao mesmo tempo, constato que a China não respondeu [favoravelmente] ao nosso pedido de autorizar o procurador a efetuar uma investigação preliminar a bordo", acrescentou a ministra.
A porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, disse hoje em conferência de imprensa que o navio "não navegava há algum tempo" e que, "a fim de proteger a saúde física e mental da tripulação", a empresa proprietária do navio "recomeçou a sua atividade" depois de ter estado nas águas do Báltico durante várias semanas.
Mao afirmou que a decisão foi tomada "após consultas com todas as partes envolvidas".
"A China está disposta a continuar a manter a comunicação e a cooperação com os países relevantes para promover o esclarecimento do incidente", acrescentou.
O procurador sueco, Henrik Söderman, explicou que não foi possível efetuar quaisquer diligências no navio no âmbito da investigação judicial sueca, quer em termos de interrogatório dos tripulantes, quer de investigações técnicas.
No entanto, a Autoridade Sueca de Investigação de Acidentes pôde efetuar as suas próprias investigações em paralelo, dentro do quadro estrito da investigação chinesa, incluindo falar com os membros da tripulação e realizar avaliações técnicas.
Enquanto a investigação do caso prossegue, a principal hipótese dos países envolvidos é que a rutura dos dois cabos submarinos foi causada pela âncora do navio chinês, embora não se saiba se foi acidental ou deliberada.
As avarias nos cabos de dados - um entre a Finlândia e a Alemanha e o outro entre a Suécia e a Lituânia - foram detetadas a 17 e 18 de novembro e todos os países em causa manifestaram a sua suspeita de que possam ter sido provocadas deliberadamente.
A posição do navio Yi Peng 3, que partiu do porto russo de Ust-Lugá e se dirigia ao Egito, coincide geográfica e temporalmente com os danos, de acordo com os dados do tráfego marítimo.
O caso é semelhante ao do navio mercante chinês Newnew Polar Bear, cuja âncora danificou no ano passado o gasoduto submarino Balticconnector e um cabo de telecomunicações, ambos entre a Finlândia e a Estónia, dois incidentes que as autoridades chinesas descreveram como acidentais.
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