"Hoje apareceu um texto de Elon Musk no Welt am Sonntag. Ontem [sexta-feira], apresentei a minha demissão", revelou Eva Marie Kogel, chefe de conteúdos editoriais, numa mensagem na rede social X, propriedade do multimilionário que foi recentemente nomeado para dirigir o departamento de eficiência governamental da futura administração do novo Presidente norte-americano, Donald Trump.
Na sua coluna, Musk afirma que "a Alternativa para a Alemanha (AfD) é o último raio de esperança para este país", que considerou estar "à beira do colapso económico e cultural".
O homem mais rico do mundo elogia a "política de imigração controlada" do partido, os seus objetivos económicos de "reduzir os impostos" e de "desregular o mercado".
A classificação da AfD como de extrema-direita "é claramente falsa", defende Elon Musk, apoiando-se no facto de a sua líder, Alice Weidel, "ter uma parceira do mesmo sexo do Sri Lanka".
Esta opinião é, porém, contrariada pelo novo editor-chefe do Die Welt (cuja edição de fim de semana assume o nome de Welt am Sonntag), Jan Philipp Burgard, para quem "até um génio pode cometer um erro".
A AfD, alertou o jornalista, "é um perigo" para os valores e para a economia da Alemanha, lembrando que outro líder do partido, Björn Höcke, "foi várias vezes condenado por ter usado um 'slogan' nazi proibido".
Ich habe immer gerne das Meinungsressort von WELT und WAMS geleitet. Heute ist in der Welt am Sonntag ein Text von Elon Musk erschienen. Ich habe gestern nach Andruck meine Kündigung eingereicht. https://t.co/Ss1FNGiwAL
— Eva Marie Kogel (@emkogel) December 28, 2024
Estas opiniões cruzadas seguem-se a um polémico 'tweet' publicado em 20 de dezembro por Elon Musk, no qual escreveu que só a AfD poderia "salvar a Alemanha".
Esta declaração criou mal-estar no país em plena campanha para as eleições antecipadas de fevereiro, nas quais a AfD é creditada com uma média de 19% das intenções de voto nas sondagens.
Além da demissão de Kogel, a coluna pró-AfD de Elon Musk voltou a provocar mais reações indignadas.
"Não devemos permitir que os Elon Musk deste mundo, o Estado chinês ou as fábricas de 'trolls' [redes de informáticos que espalham desinformação] russas prejudiquem as nossas democracias na Europa", criticou Andreas Audretsch, diretor de campanha do partido Verdes.
A Associação de Jornalistas Alemães (DJV) protestou por sua vez contra a "propaganda eleitoral" permitida pela redação do Welt.
"Os meios de comunicação alemães não devem permitir-se ser manipulados como porta-vozes dos autocratas e dos seus amigos", criticou o seu líder, Mika Beuster.
O Die Welt pertence ao grupo de imprensa Axel Springer, o mais influente da Alemanha, que inclui também o tabloide Bild, o mais lido do país.
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