"Dói-me tanto o coração". Famílias pedem respostas sobre acidente aéreo

Cinco dos 179 mortos já foram entregues às famílias, uma vez que eram os únicos que estavam intactos.

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Notícias ao Minuto com Lusa
30/12/2024 10:10 ‧ há 5 dias por Notícias ao Minuto com Lusa

Mundo

Coreia do Sul

Centenas de pessoas estão acampadas no Aeroporto Internacional de Muan, na Coreia do Sul, enquanto esperam por respostas sobre os seus entes queridos, que morreram no desastre aéreo da Jeju Air, no domingo.

 

Entre gritos de dor e de frustração, o superintendente geral da polícia, Na Won-o, explicou que o atraso na identificação das vítimas mortais se deve ao facto de a maioria dos corpos terem ficado gravemente danificados.

Ainda assim, cinco dos 179 mortos já foram entregues às famílias, uma vez que eram os únicos que estavam intactos.

“Pode prometer que os corpos serão reconstituídos?”, questionou um homem de meia-idade, visivelmente emocionado, de acordo com a BBC.

Outro familiar terá pedido que os restos mortais fossem entregues tal como estavam, mas o responsável salientou que as autoridades pretendem recolher e reconstruir o maior número de corpos possível. Segundo a BBC, as autoridades estão a analisar mais de 600 partes de corpos.

Shin Gyu-ho, que perdeu os dois netos e o genro, foi um dos familiares que se mostrou frustrado com a demora no processo de identificação. De facto, o homem de 64 anos confessou à BBC ter pensado em partir o sistema de som usado para os briefings da polícia.

Ainda que o corpo do seu genro tenha sido identificado, foi-lhe dito que os seus dois netos estavam “demasiado fragmentados para serem reconhecidos”.

Tanto a sua filha como a sua neta recolheram à privacidade das tendas dispostas pelas autoridades, por não conseguirem “lidar” com a situação.

Uma viagem de à Tailândia para assinalar o fim dos exames de admissão à universidade acabou em tragédia para a família de Maeng Gi-su, com a morte do seu sobrinho e dos dois filhos.

“Não posso acreditar que toda a família tenha desaparecido. Dói-me tanto o coração”, confessou a mulher de 78 anos.

Aliás, muitos dos passageiros tinham rumado à Tailândia para celebrar o Natal. Foi o caso de Jongluk Doungmanee, que viajava duas vezes por ano para o país, para visitar o pai e os dois filhos, de sete e 15 anos, de um casamento anterior. Desta vez, ficou mais de duas semanas.

“Fiquei com arrepios. Não podia acreditar”, disse Pornphichaya Chalermsin, prima de Jongluk Doungmanee.

O pai da vítima, que sofre de uma doença cardíaca, ficou “devastado” quando soube da sua morte, assegurou Pornphichaya.

“É insuportável para ele. Era a sua filha mais nova”, lamentou.

Mi-Sook, que foi identificada pelas impressões digitais, também regressava a casa depois de ter viajado com amigos para Banguecoque.

“A minha filha, que tem apenas 40 e poucos anos, acabou assim. Isto é inacreditável. Ela estava quase a chegar a casa - pensava que estava a chegar a casa”, disse o pai, Jeon Je-young, de 71 anos.

“A água perto do aeroporto não é profunda. Existem campos mais macios do que esta pista de cimento. Porque é que o piloto não aterrou lá?”, questionou o homem.

Os dois assistentes de bordo que sobreviveram ao acidente foram encontrados na cauda do avião, a parte mais intacta dos destroços. Lee, de 33 anos, foi levado de urgência para um hospital em Mokpo, tendo sido depois transferido para o Hospital da Universidade Ewha Womans de Seul. O homem sofreu múltiplas fraturas, pelo que está a receber cuidados especiais devido ao risco de sequelas, incluindo paralisia total.

“Quando acordei, já tinha sido resgatado”, disse aos médicos do hospital, segundo a diretora Ju Woong.

A outra sobrevivente, de 25 anos de idade, está a ser tratada no Centro Médico de Asan. Koo sofreu ferimentos na cabeça e no tornozelo, mas encontra-se estável.

O Boeing 737-8AS, procedente da capital da Tailândia, Banguecoque, colidiu com uma vedação de betão e incendiou-se. As autoridades aeroportuárias disseram que a aeronave estava a tentar uma aterragem forçada, por volta das 09h07 (00h07 em Lisboa), após uma primeira tentativa falhada, devido a uma avaria do trem de aterragem, possivelmente causada pela colisão com um pássaro. No entanto, o avião não terá conseguido reduzir a velocidade até chegar ao fim da pista, o que provocou o desastre aéreo.

As autoridades confirmaram que viajavam no avião dois passageiros tailandeses, sendo os restantes sul-coreanos. Entre eles estava cinco crianças com menos de 10 anos, sendo que a maioria dos passageiros tinha entre 40 e 60 anos. A vítima mais nova é um menino de três anos e a mais velha tem 78 anos.

Pelo menos 140 das 179 vítimas mortais foram identificadas, tendo as autoridades transferido a grande maioria para uma morgue temporária.

Saliente-se que o governo sul-coreano anunciou a realização de "inspeções rigorosas de segurança" à companhia aérea Jeju Air, esta segunda-feira, na sequência de dois episódios com problemas no trem de aterragem.

"Planeamos implementar inspeções rigorosas de segurança aérea, em resposta aos incidentes com os trens de aterragem", afirmou Joo Jong-wan, responsável pelo departamento de aviação no ministério sul-coreano dos Transportes, após uma reunião em Seul.

O responsável referiu que a Jeju Air, uma das principais transportadoras aéreas de baixo custo do país, é conhecida pela elevada taxa de utilização dos aviões, o que, segundo alguns peritos, poderá ter contribuído para os incidentes.

O funcionário do ministério sul-coreano dos Transportes acrescentou que o Conselho Nacional de Segurança dos Transportes dos Estados Unidos vai estar envolvido na investigação dos incidentes e que a Boeing, fabricante de ambos os aviões do mesmo modelo, também foi contactada para cooperar.

Leia Também: "Mais perguntas do que respostas" sobre o pior desastre aéreo sul-coreano

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